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Apoiadores de Bolsonaro tentaram força-tarefa para defendê-lo nas redes, mostra estudo do DataFórum

Em apenas um dia e meio, foram mais de 3,7 milhões de reações; movimento favorável supera desfavorável em 48%; veja os números do levantamento

Julgamento no STF.Créditos: Rosinei Coutinho/STF / Montagem Revista Fórum
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Um levantamento feito pelo DataFórum, a análise da plataforma de monitoramento digital da Revista Fórum, revela que o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e mais sete militares pela trama golpista nesta terça-feira (25) teve grande repercussão nas redes sociais. As publicações com maior engajamento foram todas feitas por perfis engajados politicamente da esquerda à direita, mas indica que o assunto ainda não “furou a bolha”, quando sai de dentro do campo político e é compartilhado pelas mais diversas esferas da sociedade.

A pesquisa contabilizou 996 publicações, com mais de 3,7 milhões de reações e quase 450 mil comentários em apenas em um período de 1 dia e meio. Foram 48% dos argumentos favoráveis ao ex-presidente, 27% de argumentos desfavoráveis e 25% neutros. Os influenciadores bolsonaristas são os que mais publicaram nas redes sociais, repetindo que Bolsonaro sofre "perseguição política" e que o julgamento conduzido pelo STF seria "parcial e politizado".

Gráfico: DataFórum

Discurso bolsonarista se perdeu na narrativa de que "não houve golpe"

No entanto, de acordo com Edgard Piccino, analista de dados responsável pelo levantamento, o discurso central do bolsonarismo mudou. "Não foi a negação do golpe de Estado em si, mas sim que o julgamento é ilegítimo, que não houve provas suficientes e que há um processo de perseguição política aos acusados. Mas eles não usaram majoritariamente o discurso de que não houve golpe", afirma. Uma das causas prováveis é o ato flopado de domingo passado, que segundo o levantamento da USP, foi de apenas 18,3 mil manifestantes bolsonaristas e não contava com apoio popular.

"O julgamento em si, nas redes sociais da meta, Facebook e Instagram, não chegou ao total da sociedade, mas a adesão dentro do grupo que acompanha a política foi altíssima", destaca Piccino. "O bolsonarismo se mobilizou, mostrou sua força nas redes sociais, têm perfis de grande alcance. E o Bolsonaro foi ao julgamento para tirar foto pras redes e mobilizar a sua militância."

É possível observar no relatório que a publicação com maior alcance ainda foi a de Bolsonaro, no Instagram, com 104 mil curtidas, seguida pelo post da página progressista Mídia Ninja sobre a fala de Paulo Gonet proferida durante o julgamento, com 68 mil. A maioria das páginas com maior engajamento foram bolsonaristas. Confira:

Gráfico: DataFórum
Gráfico: DataFórum

Entre as palavras mais pesquisadas pelos brasileiros nas plataformas da Meta estavam Bolsonaro, julgamento e golpe.

Gráfico: DataFórum

Para o analista de dados, embora perfis progressistas tenham feito muitas publicações, a maioria contou com baixo engajamento

"Grandes perfis de esquerda, progressistas, ou não se manifestaram de maneira uníssona, ou então fizeram postagens que não tiveram um grande alcance. Então, o campo progressista acabou ficando em desvantagem nas redes sociais e o bolsonarismo conseguiu mobilizar a sua base", comenta Piccino.

Confira a análise do DataFórum no Café:

Uma reportagem da Fórum em fevereiro mostrou que a ofensiva da extrema direita contra a regulação das redes cresceu muito com as declarações de Mark Zuckerberg, dono da Meta, de Elon Musk, dono do X e agora político no governo de Trump, e do próprio presidente dos Estados Unidos. Em entrevista à revista, a coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Renata Mielli destacou que a esquerda precisa se unificar nas redes sociais.

"Nós precisamos, na minha avaliação, compreender a necessidade de mais energia e mais engajamento entre nós. Nós precisamos trabalhar mais em rede, isso pode nos ajudar", destacou. "Nós temos que ter um jogo mais combinado porque isso faz com que a gente gere uma informação para o algoritmo de que aquele conteúdo é um conteúdo que foi escolhido para ter mais engajamento".

LEIA MAIS: Esquerda precisa ter discurso mais unificado nas redes, defende Renata Mielli

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (26) o julgamento da admissibilidade da denúncia contra o ex-presidente e outros sete acusados de tentativa de golpe de Estado e de formação de organização criminosa. A sessão, que definirá se os investigados se tornarão réus, está sendo transmitida ao vivo pela TV Fórum, com cobertura especial e análises em tempo real de nossos jornalistas.

 

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