TENTATIVA DE GOLPE

Quem cala, consente: Demóstenes Torres faz risível defesa de Garnier, ex-comandante da Marinha

Ex-senador, que teve mandato cassado, ainda tentou implicar comandantes do Exército e Aeronáutica no golpe ao fazer a defesa de Garnier

Créditos: Gustavo Moreno / STF
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O advogado Demóstenes Torres, ex-senador cassado em 2012 sob suspeita de favorecer o bicheiro Carlinhos Cachoeira, está presente hoje no Plenário da 1ª Turma do STF. Ele acompanha a sessão em defesa de seu cliente, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, apontado pela Polícia Federal como o único líder das Forças Armadas a aderir ao plano golpista, Enquanto os outros dois comandantes das Forças Armadas rejeitaram a proposta.

Na manifestação enviada ao STF antes do julgamento desta terça-feira, a defesa de Garnier classificou a denúncia como "abstrata" e sustentou que o militar "nega qualquer envolvimento em condutas criminosas". Os advogados também rejeitam a tese de que ele tenha desempenhado um papel ativo na tentativa e consumação de um golpe de Estado, argumentando que sua postura foi de "inércia e omissão". No entanto, a atuação foi comprovada no relatório da PF, divulgado em novembro do ano passado.

Garnier esteve à frente do posto máximo da Marinha entre 9 de abril de 2021 e 30 de dezembro de 2022. Entre outros trechos, seu nome é citado em uma conversa realizada por meio do Whatsapp entre o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ternente-coronel Mauro CId, e o também tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros.

O relatório da Polícia Federal encaminhado à Procuradoria-Geral da República, que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 37 pessoas ligadas ao seu governo e às Forças Armadas, aponta que o almirante Almir Garnier, comandante da Marinha, tinha "tanques no arsenal prontos". Leia mais nesta matéria da Fórum.

Porém, Demóstenes insistiu na tese de que a PF foi "romancista" fez uma defesa frágil:

"Os romancistas da Polícia Federal não quiseram solicitar novamente os autos para analisá-los, até porque a Marinha se colocou à disposição para esclarecer esses fatos. Foram analisados mais de 250 milhões de áudios e mensagens pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, e, dentre todos eles, nenhum foi enviado ou recebido pelo Almirante.

Na casa de Garnier, foi realizada busca e apreensão, sendo apreendidos seu aparelho celular, sua agenda e outros materiais. No entanto, nada foi encontrado contra o Almirante Garnier. No caso do crime de dano ao patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado, não se sabe se há alguma evidência, pois a Polícia Federal não concluiu isso"

O julgamento de hoje (25) contempla outros sete aliados também são alvos da ação:

  • Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
  • General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência;
  • Jari Messias Bolsonaro, ex-presidente;
  • Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

Os oito são acusados de cinco crimes:

  • Golpe de Estado
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Organização criminosa armada
  • Dano qualificado
  • Deterioração de patrimônio tombado
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