Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (20), o sociólogo e publicitário Oliveiros Marques falou sobre a comunicação do governo Lula (PT), que passa por modificações após intensas críticas, e defendeu que o presidente precisa eleger uma agenda de relacionamento político para obter avanços nesta área.
Para Marques, o problema do governo não é estritamente a comunicação, mas como ele comunica sua marca de forma a efetivamente chegar à população. O sociólogo pontua que, em sua opinião, os programas sociais dos governos Lula e Dilma, como o PAC, Minha Casa Minha Vida, Samu, Farmácia Popular e outros não foram suas marcas.
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"A marca dos governos do PT é o lado que o governo tem. Essa é a marca. Então, quando o Lula fala aquela frase 'incluir o pobre no orçamento', ali na minha opinião está a marca do governo. E para isso eu tenho que falar para quem? Para esse público", salienta.
"Eu não posso ter uma dissintonia no movimento de comunicação. Não estou falando da publicidade, da relação com a imprensa ou das redes sociais somente. Eu estou falando em conjunto. Eu tenho que falar para esse público, eu acho que este é o nó que está acontecendo no governo", destaca Marques.
Para ele, o governo tem uma marca, que é ajudar quem mais precisa de políticas públicas, mas isso precisa estar dentro de uma agenda mais efetiva. "Falta agenda no governo, e eu me refiro não à agenda espetáculo. O que na minha opinião está faltando é baixar um pouco para fazer a agenda de relacionamento político de fato", defende. Nesse ponto, ele destaca que não é só o presidente que precisa fazer essa agenda, mas os ministros também.
"Construção de uma agenda onde os ministros vão para os territórios para fazer a relação política e amarrar as conversas, na minha opinião, é o que está faltando", acrescenta Marques.
Ele considera que a publicidade do governo deve melhorar com Sidônio Palmeira, a quem considera "um profissional absolutamente qualificado". Porém, isso não será suficiente.
"A comunicação tem que estar presente em todo o debate de governo para antecipar, identificar oportunidades e ter mais elementos para comunicar", diz Marques. Ele ainda ressalta que é preciso que a política esteja de "braços dados" com essa agenda de ir para os territórios e fazer um embate.
"O governo tem marca. A marca é a defesa daqueles que mais precisam de políticas públicas. Essa é a marca do governo. A gente precisa pôr luz sobre isso no processo de comunicação e no processo de articulação em relação à política, na minha opinião", afirma.
Governo Lula precisa pautar, e não ser pautado
Marques também falou sobre a ncessidade de o governo Lula pautar o debate público, principalmente em relação às suas próprias políticas públicas, e não ser pautado pela mídia comercial e políticos da oposição.
"A maior armadilha que os governos podem cair é ser pautado e não pautar", alerta o publicitário. "E, às vezes, a gente cai nessa esparrela de ser pautado. Na questão do Imposto de Renda, eu acho que nós estamos fazendo um movimento que eu tenho percebido nesses últimos dias por parte da militância e de representantes do governo, que é de conseguir fugir dessa armadilha", diz.
Para Marques, a ala progressista está conseguindo "pautar efetivamente" o ganho que os 20 milhões de brasileiros terão com a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. "Acho que estamos caminhando para fazer esse debate nosso contra eles [políticos da oposição]", considera o publicitário.
"Nós temos que fazer o debate - nós, digo, o campo que eu me afilio -, nós temos que fazer o debate mostrando claramente que é uma questão de justiça social na raiz. Eu estou botando mais dinheiro no bolso de quem mais precisa de fato e alguém tem que pagar essa conta. Quem tem que pagar essa conta é quem viveu por anos sem pagar Imposto de Renda. Essa é a grande verdade", esclarece Marques.
Confira a entrevista completa do sociólogo e publicitário Oliveiros Marques ao Fórum Onze e Meia
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