A ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, ironizou nesta quarta-feira a "defesa dos Direitos Humanos" que Eduardo Bolsonaro prometeu fazer ao fugir para os Estados Unidos. Segundo ela, todos estes anos a extrema direita, grupo politico do qual faz parte o deputado, criminalizou os defensores de Direitos Humanos e agora quer se apropriar da pauta para utilizá-la em favor de quem ataca a democracia.
"Eu combato muito a frase 'direitos humanos para humanos direitos' que esse grupo propagava. Quando eu falo em popularizar os direitos humanos é porque quero que aquela dona de casa ou a mãe que está lutando por uma vaga na creche entenda que não ter acesso à creche é uma negação dos direitos humanos. E que ela não é bandida por querer acesso à creche. Ela não é bandida por querer acesso à moradia digna”, disse Macaé durante o lançamento da Rede de Educação em Direitos Humanos, estratégia do MDHC para conscientizar a sociedade sobre o tema.
Para a ministra, o bolsonarismo está tentando "desconfigurar uma chave que eles mesmos trouxeram" para utilizar os Direitos Humanos em defesa dos condenados pela baderna na Esplanada em 8 de janeiro de 2023. "Estão querendo criar uma nova versão para os Direitos Humanos, buscando legitimar ataques à Constituição, ao Estado de Direito e à democracia. O que se cometeu no Brasil foi um ataque à democracia, e isso é crime previsto em lei. As pessoas têm de ser responsabilizadas.”
"O direito à justiça é um direito de todo mundo, é o direito ao contraditório. Mas o direito ao contraditório não permite eu ‘picar a mula’ para me eximir da responsabilidade, para me eximir de responder, enfrentar efetivamente os espaços e as áreas de Justiça para responder caso se tenha cometido crime ou não. É isso que a Justiça vai dizer”, completou a ministra.
Macaé apresentou aos jornalistas a Rede de Educação em Direitos Humanos, uma série de políticas públicas que pretende educar a sociedade sobre o tema, inclusive os agentes de Segurança Pública. De acordo com a ministra, serão fechadas parcerias com os governos estaduais para que, desde a formação, policiais civis e militares e guardas civis metropolitanos recebam noções de Direitos Humanos.
"Sem educação em Direitos Humanos é improvável que a gente mude. É preciso mudar a lógica com que se faz a formação dos agentes de Segurança. Também está faltando Direitos Humanos para os trabalhadores da área", disse a ministra. "Nós temos conversado com gestores das escolas de formação de policiais e com os sindicatos das categorias. Mas não é simples."