CONGRESSO NACIONAL

Flávio Bolsonaro e Sergio Moro comandam Comissão de Segurança Pública do Senado

A escolha de Moro para o posto ocorre em um contexto de disputas internas dentro do União Brasil e reforça sua tentativa de manter protagonismo no debate sobre segurança pública

Flávio Bolsonaro e Sergio Moro assumem comando da Comissão de Segurança Pública no Senado.Créditos: Jefferson Rudy/Agência Senado
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O senador Sergio Moro (União-PR) foi eleito vice-presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado Federal. Com isso, a comissão passa a ser comandada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na presidência e por Moro na vice. A composição coloca dois aliados da direita em posição de influência sobre pautas de segurança pública no Congresso, ampliando a presença de parlamentares ligados ao bolsonarismo em debates centrais sobre políticas criminais e o fortalecimento das forças de segurança.

A escolha de Moro para o posto ocorre em um contexto de disputas internas dentro do União Brasil e reforça sua tentativa de manter protagonismo no debate sobre segurança pública, área que marcou sua trajetória política desde a Operação Lava Jato e sua passagem pelo Ministério da Justiça no governo Bolsonaro. O cargo também confere a Moro um espaço privilegiado para tentar reaproximar-se da base bolsonarista, após um histórico de conflitos com aliados do ex-presidente, que veem sua ascensão política com desconfiança.

A estratégia também fortalece as perspectivas eleitorais de Moro para 2026, quando ele poderá disputar a reeleição ao Senado ou mesmo aventar uma candidatura ao governo do Paraná. Seu desempenho na comissão e sua capacidade de pautar temas sensíveis para a opinião pública podem ser decisivos para suas aspirações futuras.

O senador Flávio Bolsonaro, por sua vez, lidera a comissão responsável por avaliar projetos legislativos relacionados a políticas de segurança, investigação criminal e estrutura das forças policiais no país. Sua presidência no colegiado reforça a influência do bolsonarismo nesse setor e lhe garante protagonismo na defesa de medidas que tradicionalmente são caras à direita, como o endurecimento de penas, a ampliação do acesso a armas de fogo e o aumento do apoio estatal às forças de segurança. A posição também o coloca em um papel estratégico para proteger aliados políticos e enfrentar eventuais embates com o governo federal.

A aliança entre os dois senadores na liderança da comissão pode indicar uma convergência em pautas mais rígidas na área de segurança, consolidando um discurso baseado no fortalecimento do aparato repressivo do Estado. Projetos que envolvam a ampliação das prerrogativas das polícias, o afrouxamento de regras para posse e porte de armas e a revisão de medidas de controle e transparência nas operações policiais devem ganhar espaço na agenda do colegiado.

Essa nova composição também sinaliza um possível aumento das tensões entre o Legislativo e o Executivo, especialmente no que diz respeito às políticas de segurança do governo Lula. Propostas que visem reverter flexibilizações no acesso a armas promovidas no governo Bolsonaro, a ampliação do uso de câmeras em fardas de policiais e a adoção de estratégias para redução da letalidade policial podem encontrar forte resistência dentro da comissão.

A presença de Moro e Flávio Bolsonaro no comando do colegiado deve gerar reações dentro do Senado, principalmente entre parlamentares da oposição e setores da sociedade civil que criticam a abordagem adotada por ambos em relação à segurança pública. Organizações ligadas às causas dos direitos humanos já manifestaram preocupação com a nova composição da comissão, alertando para possíveis retrocessos na fiscalização das políticas de segurança.

A tendência é que a comissão se torne palco de disputas acirradas entre a base governista e os setores mais alinhados à oposição, em um momento em que a segurança pública volta ao centro do debate nacional devido ao aumento da violência em algumas regiões do país. O desafio para o governo Lula será articular uma estratégia para neutralizar possíveis avanços da direita em uma das áreas que historicamente foram exploradas como bandeira eleitoral pela oposição conservadora.

A presença de Moro e Flávio Bolsonaro na liderança do colegiado indica que a segurança pública seguirá como um dos principais temas de polarização política no Senado nos próximos anos, podendo influenciar tanto as dinâmicas legislativas quanto as estratégias eleitorais para 2026.

 

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