Prestes a enfrentar uma representação no Conselho de Ética que pode resultar na cassação de seu mandato, Gustavo Gayer (PL-GO) acatou a ordem de aliados bolsonaristas, que mandaram que ele se calasse sobre os ataques misóginos contra a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Segundo Raquel Landim, no portal Uol, lideranças da oposição mandaram Gayer "submergir" para tentar se safar da cassação do mandato.
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O bolsonarista obedeceu a ponto de não comparecer ao ato de Jair Bolsonaro em Copacabana no último domingo (16). Aos apoiadores, ele alegou que não foi devido ao falecimento de um parente de um de seus funcionários.
Gayer também silenciou nas redes sociais. A última publicação sobre o tema aconteceu no sábado (15), quando o bolsonarista choramingou sobre uma provável cassação do mandato.
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"Moralizar o congresso cassando o mandato de um deputado assumidamente corrupto que fez rachadinha? NÃO. Moralizar o congresso cassando um deputado que postou na internet criticando a fala asqueirosa (SIC) do LULA contra uma ministra? SIM", escreveu, antes de "submergir".
Fux relator
Na representação movida por Lindbergh Farias (PT-RJ) no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de calúnia e difamação, Luiz Fux foi sorteado como relator.
Fux foi sorteado para relatar o caso na manhã desta terça-feira (18).
Na quinta-feira (13), o líder do PL, Sóstenes Cavalcante deu uma justificativa surreal e chamou de "infeliz" a declaração de Gustavo Gayer, saindo em defesa do bolsonarista.
"Admito que essa manifestação sobre o trisal foi infeliz. Ele errou. Não só eu admito, como o próprio Gayer. Ele apagou o post e fez uma nota para explicar. Nós acabamos de conversar e ele me disse: 'Não fui feliz na construção do texto e apaguei'. Ele mesmo assume", disse Sóstenes ao O Globo.
Após isso, o líder do PL indicou que a sigla não vai tomar nenhuma providência contra o deputado e que, aqueles que tiverem “se sentido ofendidos”, que busquem o Conselho de Ética da Câmara e a Justiça.
Gayer fez a fala misógina logo após o presidente Lula dizer que colocou uma "mulher bonita" na articulação política porque queria ter uma boa relação com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O objetivo era atacar o presidente, mas o “tiro saiu pela culatra”.
O presidente do Senado da República, Davi Alcolumbre (UB-AP), disse na tarde desta quinta-feira (13) que vai pedir a cassação do deputado federal bolsonarista após as postagens do parlamentar insultando de forma grotesca a ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann, assim como o acionará na Justiça comum, nas esferas cível e criminal.
Recuou
Diante da declaração de Alcolumbre, o bolsonarista recuou com as ofensas e disse que “não teve a intenção de ofender” o presidente do Senado. Em uma postagem no X, Gayer tentou justificar que seu objetivo era "apenas expor a hipocrisia da esquerda sobre a defesa das mulheres" e que em momento algum quis diminuir Alcolumbre.
No entanto, o bolsonarista havia feito uma publicação nas redes marcando o presidente do Senado: "Me veio a imagem da @Gleisi @lindberghfarias e o @davialcolumbre fazendo um trisal. Que pesadelo", escreveu.
Gleisi se pronuncia
Gleisi se defendeu e foi às redes na manhã desta quinta-feira repudiar "os ataques canalhas de bolsonaristas, misóginos, machistas e de violência política".
"Desprezam as mulheres. Não me intimidam nem me acuam. Oportunistas tentando desmerecer o presidente Lula. Gestos são mais importantes que palavras. Não teve e não tem outro líder como o presidente Lula que mais empoderou as mulheres. Não é qualquer líder que ousa lançar a primeira mulher presidenta do país, a primeira presidenta do PT, o que mais nomeou mulheres ministras, nas estatais, no BB, na CEF, no STM e outros tantos lugares", escreveu a ministra da SRI.
A ministra ainda listou os atos misóginos de Jair Bolsonaro (PL) para refrescar a memória da mídia corporativista e da extrema direita.
"Que moral vocês tem? Vocês esqueceram das entrevistas, dos vídeos em que Bolsonaro agrediu as mulheres, estimulando a violência política e física, o preconceito, o machismo? Canalhas, respeitem a inteligência do povo brasileiro", concluiu.