ELEIÇÕES 2026

Governo Lula tem que ignorar "implicância" de "5 ou 6 da Faria Lima", diz Lindbergh Farias

Líder do PT na Câmara, Lindbergh diz que "esse ano é o ano do povo, de falar para a vida real das pessoas" e não de ficar dialogando com o sistema financeiro. "2025 é o ano do Lula. É Lula sendo Lula. É Lula falando da vida do povo"

Lula e Lindbergh Farias.Créditos: Facebook / Lindbergh Farias
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Líder do PT na Câmara Federal, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou, em entrevista à Monica Bergamo na Folha de S.Paulo, que "2025 é o ano de Lula" e sugeriu que o presidente ignore a "implicância" de "5 ou 6 da Faria Lima", que não reconhecem nada que o governo faz e divulgam lamúrias sobre números irreais da economia.

"Eu falo sempre da implicância do mercado com o presidente Lula e da injustiça com o próprio [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad. Não reconhecem nada. Não adianta você dizer "em abril vamos fazer o esforço fiscal X. Sabe o que eles [agentes do mercado] vão dizer? 'É insuficiente'. E vão subir o dólar. A gente não pode entrar na armadilha deles", afirmou.

Para o deputado, Lula não tem que mudar de política econômica, mas de assunto quando começar o ranger de dentes do sistema financeiro.

"Não é mudar de política [econômica]. Se tiver que fazer ajuste fiscal, que faça. Mas só quem se interessa por esse tema são cinco ou seis [pessoas] da [avenida] Faria Lima. O povo quer saber é da vida real dele. É mudar de assunto, é entrar na pauta popular. A minha linha agora é que esse ano de 2025 é o ano do Lula. É Lula sendo Lula. É Lula falando da vida do povo, é o Lula do pé de meia, é o Lula do crédito ao trabalhador, que vai beneficiar 40 milhões. É o Lula do vale gás, é o Lula da isenção do imposto de renda", diz.

Lindbergh diz que "as regras na questão fiscal estão ai" - e "não é assunto para a dona Maria e o seu João". Para ele, falta a Lula e ao campo progressista entrar na "disputa política" e comparar com o que foi feito por Paulo Guedes na gestão Jair Bolsonaro (PL).

"Eu não perco um debate no parlamento. Porque os números são gritantes. Eles [bolsonaristas] não ganham em nada da gente", diz, ressaltando que Bolsonaro tem outras questão a se ocupar, especialmente com a Justiça, o que abre uma avenida para o governo impor a pauta política.

"Eles vão estar com os problemas deles, tentando arrumar conflito com o Judiciário, [fazendo campanha] Bolsonaro Livre, [ocupados] com o julgamento deles. E a gente aqui, aprovando os nossos projetos, com essa mensagem que eu quero te passar: 2025 é o ano da agenda do povo, tá? Cuidar da vida das pessoas. Não adianta a gente ficar dialogando com a Faria Lima. É povo. Esse ano é o ano do povo, de falar para a vida real das pessoas", emenda.

Gleisi e articulação política

Na semana em que Gleisi Hoffmann, ministra de Relações Institucionais e namorada do deputado desde 2021, sofreu um ataque misógino do bolsonarista Gustavo Gayer (PL_GO) - que deve perder o mandato no Conselho de Ética da Câmara - Lindbergh destaca o papel de "articuladora" da companheira, "que fez aliança ampla e conduziu a campanha do Lula de 2002".

"As pessoas não sabiam, mas ela tem uma relação muito boa com o presidente [da Câmara dos Deputados], Hugo Motta, foi determinante para a eleição dele [ao garantir o apoio do PT]. Fala toda semana com o líder do MDB, Isnaldo Bulhões, tem relação muito boa com o líder do PP, o Dr. Luizinho, com o do PSD, [Antonio] Brito. Eu sabia disso há muito tempo, e o presidente Lula também. Ela é considerada uma mulher firme que fala o que faz, não enrola. A Gleisi vai ser uma bela surpresa", diz, ressaltando que "ela vai jogar completamente afinada com o Haddad", rebatendo especulações de que haveria uma disputa entre os dois.

Lindbergh também creditou ao mercado as especulações sobre a disputa interna no governo entre Haddad e Gleisi, especialmente em torno de medidas para o "ajuste fiscal".

"Eu quero desmistificar algumas coisas. Eu sempre disse que o Haddad tem que falar mais dos números da economia. Diziam que cresceríamos 0,8% [ao ano], e crescemos 3,2% em 2023. Falavam em 1,5% em 2024, e crescemos 3,4%. Essa turma do mercado torce contra. É uma luta diária contra [o governo]. A renda do trabalhador no primeiro ano [de governo Lula] cresceu 11%, e 5% no segundo, em termos reais. O investimento voltou a subir. Tiramos 24 milhões de pessoas da pobreza. O desemprego está no menor nível desde 2012. É o momento da pauta popular. Haddad tem que falar é sobre isso. Eu tenho gostado muito dele. Haddad pode entrar para a história como um dos grandes ministros da Fazenda deste país. É só ver os números. Esse governo é bom de entrega", disse.

Lindbergh ainda afirma que Lula vai recuperar a popularidade - em queda nas pesquisas mais recentes - para chegar em 2026 como favorito à reeleição.

"Sabe quanto o Bolsonaro tinha de ruim e péssimo em dezembro de 2021, a dez meses das eleições do ano seguinte? 53%. E a eleição foi apertada [porque a avaliação do ex-presidente acabou melhorando]. Lula tem muito menos [rejeição] do que isso [de 41%, segundo o Datafolha]. Lula é esse cara que, quando provocado, surge cada vez mais valente. O susto da queda nas pesquisas veio na hora certa. Deu uma sacudida geral", afirmou.

Indagado quem teve um "susto da queda nas pesquisas", Lindbergh foi enfático. "[O susto foi] No Lula e na gente. Não somos daqueles que ficam chorando. Nós estamos botando a faca nos dentes e indo lutar".
 

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