A postagem oficial do Ministério da Defesa no X (antigo Twitter), que redireciona usuários para um grupo golpista no Telegram, segue disponível na plataforma mesmo após a revelação do caso pela imprensa neste domingo (9). O conteúdo, publicado em 7 de novembro de 2022, deveria levar os usuários a um relatório de fiscalização do sistema eletrônico de votação, mas, em vez disso, os direciona a um canal bolsonarista com a mensagem "Dê o golpe, Jair".
A revelação foi feita inicialmente pelo jornal Estadão e confirmada pela Fórum. O Ministério da Defesa, atualmente comandado por José Múcio, não se manifestou até o momento sobre a manutenção do post. Mesmo após a ampla repercussão da falha, o link não foi removido.
A postagem no perfil oficial do Ministério da Defesa contém a seguinte mensagem: "#NotaOficial. Defesa informa sobre o relatório do trabalho de fiscalização do sistema eletrônico de votação". Abaixo, um link leva os usuários ao Telegram, onde encontram o canal de nome semelhante ao da pasta, mas com erro de grafia e sem postagens além da mensagem golpista. Confira:
Golpismo
O general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa à época da publicação em questão, e que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado, nega envolvimento com articulações para manter Jair Bolsonaro no poder.
No entanto, as investigações da Polícia Federal (PF) apontam que, nos últimos meses de 2022, Bolsonaro e generais realizaram reuniões frequentes para discutir a possibilidade de ruptura institucional. Em depoimento, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou que o ex-presidente chegou a apresentar uma minuta golpista a militares.O relatório das Forças Armadas sobre as urnas eletrônicas foi enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 9 de novembro de 2022 e concluiu que não foram encontradas irregularidades no processo eleitoral que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar disso, em nota divulgada posteriormente, o Ministério da Defesa afirmou que o documento "não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022".