A Folha há um tempo trocou o falecido slogan "rabo preso com o leitor" pelo rabo preso com o ex-presidente Jair Bolsonaro, de duas formas:
- Com jornalismo declaratório, vocaliza ataques do ex-presidente ao Judiciário, ao sistema eleitoral e divulga sua candidatura, embora inelegível até 2030;
- Com matérias onde denuncia um suposto arbítrio do ministro Alexandre de Moraes, dando corda aos bolsonaristas que o consideram um ditador.
Hoje não foi diferente. No calor da denúncia da Procuradoria Geral da República contra o ex-presidente e demais 33 membros de sua quadrilha, a Folha solta nova matéria de Glenn Greenwald em que Moraes é apontado como um ministro de decisões arbitrárias.
Em agosto do ano passado, Greenwald publicou uma série de vazamentos de uma conversa no celular de um ex-auxiliar de Moraes, onde se levantou a tese de que Moraes agiu "fora do rito"processual. O motivo era simplesmente ridículo:
Como o ministro era à época presidente do TSE e ao mesmo tempo ministro do STF, ele teria agido "fora do rito" porque o ministro do STF não teria oficiado o presidente do TSE sobre determinadas ações, mesmo os dois cargos sendo ocupados pela mesma pessoa: Alexandre de Moraes.
A matéria de hoje de Greenwald na Folha informa que "a empresa de mídia do presidente dos EUA, Donald Trump, e a plataforma de vídeos Rumble entraram com uma ação conjunta em um tribunal federal americano contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes".
Tudo porque o ministro solicitou a retirada da rede Rumble de postagens de Allan dos Santos, que é um criminoso fugitivo do país, sob ameaça de que a não retirada poderia resultar na proibição da rede no Brasil, como já ocorreu no ano passado com a rede X, de Elon Musk.
Ocorre que o Rumble abriga nas nuvens todos os arquivos do Truth Social, rede social pessoal do presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
O objetivo da ação, segundo o advogado do Rumble, E. Martin De Luca, do escritório Boies Schiller, , é "garantir que as empresas americanas permaneçam sob a jurisdição das leis dos EUA e que nenhum tribunal estrangeiro possa, unilateralmente, ditar quais discursos são permitidos em plataformas americanas sem autorização apropriada do governo dos Estados Unidos".
Se a ação for acatada, o Brasil não teria direito de penalizar empresas dos Estados Unidos, o que inclui, além do Rumble, Google, Facebook, Instagram, WhatsApp, Rede X, que não são citadas na ação mas se beneficiariam da medida.
É o maná dos céus para os bolsonaristas, que já, já estarão nas redes ofendendo o ministro de Moraes, taxando-o de ditador, botando fogo na extrema direita, que chega a pedir uma intervenção de Trump no Brasil para impedir uma condenação de Jair Bolsonaro.
Quem é Allan dos Santos, defendido por Glenn e Folha
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quinta-feira (21/10/2021) a prisão preventiva do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. O dono do canal “Terça Livre” está nos Estados Unidos, com o visto vencido, e deverá ser extraditado imediatamente ao Brasil.
Dessa maneira, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal inclua o mandado de prisão na lista da Difusão Vermelha da Interpol e acionou a embaixada dos Estados Unidos.
A decisão de Moraes atende a um pedido da Polícia Federa, mas contraria a Procuradoria-Geral da República, que se manifestou contrária a prisão do blogueiro bolsonarista.
Em sua decisão, Alexandre de Moraes justifica o pedido de prisão de Allan dos Santos, pois, "o citado cidadão, a pretexto de autar como jornalista em um canal divulgado nas redes sociais, reiteradamente produz e difunde conteúdos […] focados nos mesmos objetivos: atacar integrantes de instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de polarização, gerar animosidade dentro da própria sociedade brasileira, promovendo o descrédito dos poderes da república, além de outros crimes".
Além disso, Moraes afirma que Allan dos Santos pratica crimes como "ameaça, crimes contra a honra e incitação à prática de crimes, bem como o tipo penal decorrente de integrar organização criminosa, convergente com o contexto da apuração já em curso".
Para o ministro, Allan dos Santos se aproveita do grande alcance de seus canais para lucrar com o ódio. "Com o objetivo de lucrar, estes canais, que alcançam um universo de milhões de pessoas, potencializam ao máximo a retórica da distinção amigo-inimigo, dando impulso, assim, a insurgências que acabam se materializando na vida real, e alimentando novamente toda a cadeia de mensagens e obtenção de recursos financeiros".
"Ditador Moraes"
O jornalista Brian Mier criticou as seguidas acusações de Greenwald contra o ministro Moraes, que favorecem o discurso da extrema direita:
Rotular Moraes como arquirrival de Bolsonaro certamente agrada Musk, Jason Miller e a família Bolsonaro, além de alimentar a narrativa do comentarista do "Owned", Glenn Greenwald, baseada em vibrações, do "Ditador Moraes".
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