O deputado federal Alencar Santana (PT-SP) revelou nesta terça-feira (7), por meio de suas redes sociais, que a Câmara dos Deputados irá convidar o representante da Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) para explicar as mudanças nos filtros de segurança na plataforma.
Em comunicado, Zuckerberg anunciou que o sistema de checagem de fatos deixará de existir e que o Facebook e o Instagram contarão com as "notas da comunidade", nos mesmos moldes do que já ocorre na rede social X, de Elon Musk.
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Além disso, o CEO da Meta criticou os checadores de fatos. "Os checadores de fatos são muito enviesados politicamente e destruíram mais a confiança [das pessoas] do que a criaram, especialmente nos EUA”. Ele ainda acrescentou que o objetivo do fim da checagem de fatos é "reduzir erros" e restaurar a "liberdade de expressão". Em outro momento, Zuckerberg ataca indiretamente o Brasil e classifica o Supremo Tribunal Federal (STF) como "Corte secreta".
Para o deputado Alencar Santana, trata-se de um "retrocesso gigantesco". "Estamos diante de um retrocesso gigantesco em matéria de direitos humanos. O anúncio feito pelo dono da Meta acende um sinal de alerta porque essa nova orientação das plataformas tem potencial de mandar boa parte da humanidade de volta ao obscurantismo da Idade Média. E não poderemos aceitar isso passivamente", afirmou.
Zuckerberg anuncia fim de sistema de checagem de fatos pela Meta
Nesta terça-feira (7), Mark Zuckerberg, dono da Meta, empresa que controla as redes Facebook e Instagram, anunciou que vai acabar com os sistemas de checagem de fatos da plataforma. O anúncio foi feito por meio de um vídeo publicado pelo diretor-executivo.
Segundo Zuckerberg, o sistema de checagem, que tinha como objetivo impedir a circulação de notícias falsas na plataforma, será substituído pelas "notas da comunidade", ferramenta similar à utilizada pelo X, rede social do bilionário Elon Musk. O recurso permite que a moderação de conteúdo seja feita pelos próprios usuários, e não mais por profissionais de checagem de fatos.
Em seu pronunciamento, Zuckerberg afirmou que "os checadores de fatos são muito enviesados politicamente e destruíram mais a confiança [das pessoas] do que a criaram, especialmente nos EUA”. Ele ainda acrescentou que o objetivo do fim da checagem de fatos é ‘reduzir erros’ e restaurar a ‘liberdade de expressão’.
“Criamos vários sistemas complexos de moderação, mas o problema é que eles cometem erros. Mesmo se eles acidentalmente censurem apenas 1% das publicações, isso significa milhões de pessoas, e chegamos a um ponto onde há muitos erros e muita censura", diz o CEO.
Zuckerberg ainda declarou que os países da América Latina têm “tribunais secretos” que excluem conteúdos silenciosamente. O Secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação do governo federal, João Brant, afirmou que a declaração do dono da Meta se refere ao Supremo Tribunal Federal (STF), que vem trabalhando para conter a circulação de fake news e discursos de ódio nas redes sociais, especialmente no X.
Brant também afirma que o anúncio "antecipa o início do governo Trump e explicita aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que ‘promovem censura’)".
"É uma declaração fortíssima, que se refere ao STF como ‘corte secreta’, ataca os checadores de fatos (dizendo que eles ‘mais destruíram do que construíram confiança’) e questiona o viés da própria equipe de ‘trust and safety’ da Meta – para fugir da lei da Califórnia", diz o secretário.
Resumidamente, de acordo com Brant, as redes sociais Facebook e Instagram vão "se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos". "A repriorização do ‘discurso cívico’ significa um convite para o ativismo da extrema-direita", diz.
Além disso, para o secretário, a Meta vai "atuar politicamente no âmbito internacional de forma articulada com o Governo Trump para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente online".
A declaração é explícita, sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump.
Por fim, Brant acrescenta que a Meta vai "asfixiar financeiramente" as empresas de checagem de fatos, o que afetaria operações delas dentro e fora das plataformas. "O anúncio só reforça a relevância das ações em curso na Europa, no Brasil e na Austrália, envolvendo os três poderes. E amplia a centralidade dos esforços internacionais feitos no âmbito da ONU, UNESCO, G20 e da OCDE para reforçar a agenda de promoção da integridade da informação", finaliza o secretário.