DESMENTIDO

André Roncaglia desmonta lorota de Gusttavo Lima sobre agro 'coitadinho'

Economista apresenta dados que desmentem a declaração do sertanejo que quer ser presidente da República sobre poder de compra dos pobres e impostos pagos pelos setor agropecuário

André Roncaglia desmonta lorota de Gusttavo Lima sobre agro 'coitadinho'.André Roncaglia apresenta dados que desmentem a declaração de Gusttavo Lima, que quer ser presidente da República, sobre poder de compra dos pobres e impostos pagos pelos setor agropecuárioCréditos: Fotomontagem (FGV e Instagram)
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O economista André Roncaglia, diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), desmontou as lorotas de Gusttavo Lima proferidas durante entrevista na qual anuncia planos para se candidatar ao cargo de presidente da República em 2026.

O cantor sertanejo e bolsonarista de carteirinha, cujo nome real é Nivaldo Batista Lima, concedeu entrevista ao portal Metrópoles nesta quinta-feira (2) e afirmou que quer ser a opção da "terceira via" e romper com a polarização entre esquerda e direita.

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Pelas redes sociais, Roncaglia classifica o anúncio do cantor sertanejo como um "balão de ensaio" que vem na esteira do "fenômeno Marçal".

"A direita começa a aquecer seus reservas para as eleições de 2026, com vistas a 2030", escreveu.

O economista fez referência à candidatura espalhafatosa do coach Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024, que obteve 1.719.274 votos, correspondendo a 28,14% dos votos válidos. Ele ficou em terceiro lugar, atrás de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).

Comparação Lula 3 e Bolsonaro

Roncaglia expôs alguns dados dos governos Lula 3 e Bolsonaro, como contexto para as falas do sertanejo.

A estratégia é padrão: vitimiza os ricos do agro, beneficiados com privilégios fiscais e ludibria os pobres, com uma agenda que agrava a penúria destes.

O economista destaca a seguinte declaração de Lima:

"Os pobres estão sem poder de compra, e o setor do agronegócio não aguenta mais pagar impostos e não ter benfeitorias para investir em seus próprios negócios."

Impostos pagos pelo agro

O diretor-executivo do FMI desmente a fala de Lima de que "o setor do agronegócio não aguenta mais pagar impostos". Roncaglia aponta que, em em 2023, por exemplo, a agropecuária contribuiu com apenas 0,8% da arrecadação tributária, embora represente 7,1% do PIB.

Em contraste, a indústria, que responde por 15% do PIB, foi responsável por 26% da arrecadação tributária. Segundo o economista, esse desequilíbrio reflete privilégios fiscais do setor agropecuário, que se beneficia de subsídios e isenções, enquanto outros setores, como a indústria, enfrentam uma sobrecarga tributária.

"A narrativa de que 'o agro sofre' não se sustenta diante dos números. A parte industrial do agro, sim, paga impostos relevantes, mas a agropecuária, que é mais básica, contribui pouco proporcionalmente à sua participação no PIB", afirmou Roncaglia.

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O poder de compra dos mais pobres

O economista também analisou o desempenho dos governos Bolsonaro e Lula no que diz respeito à renda das diferentes faixas da população em resposta à fala do sertanejo de que "os pobres estão sem poder de compra".

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Segundo os dados apresentados, no governo Bolsonaro, os mais pobres perderam renda em 11 de 16 trimestres. Já no governo Lula 3, essa perda ocorreu em apenas 1 de 7 trimestres.

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Os mais ricos enfrentaram perdas em 12 trimestres no governo Bolsonaro, enquanto no governo Lula 3, isso ocorreu em 3 de 7 trimestres.

A combinação de políticas sociais fortalecidas, crescimento do emprego formal e uma política industrial robusta resultaram em uma recuperação do poder de compra e no aumento da renda real média. Dados mostram que o salário médio real no Brasil subiu consistentemente desde o início de 2023.

Desemprego em mínimas históricas

Outro destaque foi a redução da taxa de desemprego, que atingiu 6,1% em 2024, a menor em mais de uma década. Roncaglia atribui esse feito à combinação de investimentos públicos e privados, além da reestruturação de programas sociais.

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Os desafios à frente

Apesar dos avanços, o economista alerta para os desafios futuros:

  • Controle da inflação: Garantir que o crescimento da renda não seja corroído pelo aumento dos preços.
  • Equilíbrio fiscal: Implementar uma tributação mais justa, cobrando mais do topo da pirâmide social.
  • Investimentos públicos: Ampliar o gasto público sem comprometer a qualidade das políticas sociais.

"Esses desafios não devem ser vistos como problemas, mas como parte de uma agenda deliberada de desenvolvimento estrutural, que demanda ajustes constantes para ser sustentável", pontuou Roncaglia.

Eleições e a narrativa econômica

Com as eleições de 2026 no horizonte, a análise de Roncaglia serve como um lembrete da importância de um debate econômico fundamentado.

"O enredo político para 2026 começa a se desenhar, e a direita parece testar seus discursos econômicos, como vimos no caso de Gusttavo Lima. Mas os dados mostram que há avanços e desafios reais que precisam ser enfrentados com seriedade", concluiu.

Confira a postagem

Quem é André Roncaglia

O economista André Roncaglia foi anunciado pelo Ministério da Fazenda no dia 14 de agosto de 2024 para assumir o cargo de diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI).

A nomeação marcou uma nova fase de representação brasileira na instituição, substituindo Afonso Bevilaqua, que ocupava o posto desde 2019 e solicitou retorno ao país ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Roncaglia é um economista com sólida formação acadêmica. Ele tem graduação e mestrado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutorado em Economia do Desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (FEA-USP). É professor na Universidade de Brasília (UnB), além de pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV). Também lecionou na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Como diretor-executivo no FMI, Roncaglia representa o Brasil em decisões estratégicas e coordena os interesses de um grupo de países que inclui nações da América Latina, Caribe e Ásia. Sua indicação reflete o objetivo de reforçar a posição do Brasil no cenário econômico internacional.

Gusttavo Lima e as bets

O cantor sertanejo Gusttavo Lima foi assíduo nas páginas policiais nos últimos meses por seu envolvimento em controvérsias relacionadas ao mercado de apostas online, as chamadas bets.

Vai de Bet

Em setembro de 2022, Gusttavo Lima foi anunciado como embaixador da Vai de Bet, uma plataforma de apostas online. Embora inicialmente sua participação fosse apenas como garoto-propaganda, surgiram especulações sobre uma possível participação societária na empresa. Em resposta, o cantor negou ser sócio, afirmando que sua relação com a Vai de Bet se limitava a um contrato de uso de imagem para fins publicitários.

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Investigações e Operação Integration

Em setembro de 2024, a Justiça de Pernambuco decretou a prisão preventiva de Gusttavo Lima, sob suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro por meio de apostas online, no âmbito da Operação Integration. A investigação apontava que empresas ligadas ao cantor teriam recebido milhões de reais de casas de apostas, levantando suspeitas sobre a origem e o destino desses recursos.

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Resposta de Gusttavo Lima

Após a decretação de sua prisão, Gusttavo Lima afirmou, por meio de sua assessoria, que estava fora do Brasil e negou qualquer envolvimento em atividades ilegais. Ele declarou confiar na Justiça para esclarecer os fatos e ressaltou que não tinha participação societária na Vai de Bet.

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Convocação pela CPI das Bets

Em novembro de 2024, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado, aprovou a convocação de Gusttavo Lima para prestar depoimento, além da quebra de seu sigilo financeiro. Os parlamentares buscavam esclarecer o nível de envolvimento do cantor com empresas de apostas virtuais e possíveis recebimentos irregulares ou participação em ações antiéticas ou ilegais. Os trabalhos do colegiado devem ser retomados em 2025, depois do fim do recesso parlamentar, segundo a Agência Senado.

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Revogação da Prisão e Situação Atual

Posteriormente, a Justiça revogou a prisão de Gusttavo Lima, e as investigações continuam em andamento. Apesar do arquivamento das investigações, o envolvimento do cantor com o mercado de apostas online gerou debates sobre a participação de figuras públicas na promoção de plataformas de jogos de azar e os possíveis impactos sociais dessa associação.

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