TRAMA GOLPISTA

Léo Índio, sobrinho de Bolsonaro, é denunciado por tentativa de golpe de Estado

Denúncia da PGR marca finalização da investigação e sinaliza que ex-presidente e militares devem ser os próximos

Léo Índio com seu primo Carlos Bolsonaro.Créditos: Reprodução/Redes Sociais
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta quarta-feira (22) Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro e uma das pessoas mais próximas do vereador Carlos Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. 

Léo Índio é investigado no inquérito da trama golpista e foi indiciado pela Polícia Federal (PF). Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite a denúncia da PGR, o sobrinho de Bolsonaro se torna oficialmente réu e vai a julgamento. 

Segundo a PGR, Léo Índio participou do levante golpista de 8 de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes e incitou atos antidemocráticos através de grupos de WhatsApp e redes sociais. Ele foi denunciado por 5 crimes: associação criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

"[Léo Índio] destruiu e concorreu para a destruição, inutilização e deterioração de patrimônio da União, ao avançar contra a sede do Congresso Nacional, fazendo-o com violência à pessoa e grave ameaça, emprego de substância inflamável e gerando prejuízo considerável para a União", diz trecho de denúncia. 

“As informações revelam, além disso, que o denunciado também esteve envolvido em outras atividades de cunho antidemocrático, dentre elas as manifestações ocorridas em acampamentos erguidos após as eleições presidenciais de 2022, em frente a unidades militares”, prossegue a PGR. 

Quem é Léo Índio 

Sem curso superior e profissão definida, Léo Índio disse em depoimento ao STF que era vendedor. Ele realmente vendia caças jeans antes da ascensão do clã na política, quando passou a orbitar principalmente a esfera do primo, Carlos Bolsonaro, de quem chegou a ser assessor.

No início do governo Bolsonaro, ele atuava como uma espécie de olheiro do primo Carlos frequentando o Palácio do Planalto sem ter sido nomeado para cargo algum.

Flho de Rosemeire Nantes Braga Rodrigues, irmã de Rogéria Nantes, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe dos três filhos mais velhos do ex-presidente, Léo Índio foi nomeado em abril de 2019 como assessor no gabinete do do vice-líder no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), com salário de R$ 22 mil.

Ele deixou o cargo em outubro de 2020 quando o senador foi pego em flagrante pela PF (Polícia Federal) com dinheiro nas nádegas. Após a demissão, ele passou a pedir emprego, mas seguiu ajudando o tio presidente.

Em agosto de 2021, ele atuou na arrecadação de dinheiro para viabilizar o ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista, em que Bolsonaro chamou Alexandre de Moraes de "canalha". 

Juntamente com o atual deputado Marcos Gomes, o Zé Trovão, Léo Índio foi articulador do movimento que tinha como "pauta principal" retirar os 11 ministros do Supremo. Um mês depois, ele passou a ser investigado pela atuação.

Léo Índio também atuou como assessor da liderança do PL no Senado, mas foi exonerado por não trabalhar. Ele tentou se eleger deputado distrital em 2022 com a alcunha de Léo Bolsonaro, mas não obteve sucesso, terminando a eleição com 1.801 votos.

Bolsonaro é o próximo? 

A denúncia oferecida pela PGR contra Léo Índio, um membro da família Bolsonaro, marca a finalização da investigação e sinaliza que o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como militares envolvidos na trama golpista, podem ser os próximos a serem denunciados. 

A expectativa é que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresente denúncia contra Bolsonaro e outros indiciados pela tentativa de golpe de Estado até o final de janeiro ou início de fevereiro, abrindo caminho para que o ex-presidente vá a julgamento e seja preso. 

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