A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) publicou um vídeo neste sábado (18) em resposta à narrativa de Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre as fake news relacionadas à portaria da Receita Federal sobre o Pix. A publicação já acumula 60,2 milhões de visualizações no Instagram e 20 milhões no X em menos de 24 horas.
Na publicação, Hilton afirma que a fake news de que o governo cobraria imposto sobre o Pix é uma cortina de fumaça carregada de desinformação, criada para esconder os ataques da base bolsonarista não apenas ao governo Lula, mas contra os trabalhadores brasileiros.
"O que o governo queria era aumentar para 5 mil reais [o limite de fiscalização] na tentativa de constranger e coibir criminosos, quadrilhas, pessoas que fazem movimentações de montantes financeiros bilionários muito acima de seus salários. E talvez seja isso que a extrema direita quer esconder. Talvez sejam esses os medos da extrema direita", destaca a deputada.
"O governo está preocupado em combater a desigualdade, promover cada vez mais políticas que consigam dar dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do nosso país. E talvez seja essa a outra coisa que eles queiram esconder: a sua dignidade, os seus direitos, algo que eles sempre odiaram. Porque, para que os super ricos continuem aqui em cima, é preciso que os trabalhadores e os super pobres continuem produzindo toda essa riqueza. E esse sim é o verdadeiro interesse da extrema direita", disse Hilton.
A parlamentar ainda lembra que a possibilidade de taxação do Pix surgiu no governo Bolsonaro. "Quem sempre defendeu a taxação do Pix foi o ex-ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes. Ele sempre falou sobre taxar o Pix. O que o governo Lula propôs era algo que já existe, só que a partir dos R$ 5 mil. Hoje, já se passa na Receita Federal a informação de movimentações a partir de R$ 2 mil. É preciso não cair nessa onda de ataque e de mentira".
Ameaças
Logo após a publicação do vídeo, a deputada passou a sofrer ameaças de morte. Segundo a assessoria de Eria Hilton, em menos de 12 horas de veiculação, o vídeo já somava mais de 80 milhões de visualizações em suas redes sociais. Por conta da grande repercussão, perfis de extrema direita passaram a enviar mensagens afirmando que pistoleiros deveriam ser "contratados para ficar em sua cola", e que o "Projeto Ronnie Lessa 2.0 teria que entrar em ação".
Segundo a Deputada "a violência da extrema direita é conhecida por todos nós. Sinto que parte deles não se conforma com a propagação da verdade, e quer apelar para ameaças e intimidações para que eu recue. Não recuarei. Estou, junto de meus advogados e equipe de segurança, tomando as medidas cabíveis pra responsabilizar quem comete crimes, mas acima de tudo, não podemos perder o foco, que é espalhar a verdade sobre os fatos, combater a desinformação daqueles que querem sequestrar, fazer refém e destruir a democracia, o livre debate público, a divergência de ideias, que é completamente diferente da mentira, do ódio, das ameaças."
Comunicação assertiva de Erika Hilton
Após o vídeo, Hilton está sendo elogiada pela esquerda por sua oratória e capacidade de transmitir mensagens de forma eficaz, servindo como exemplo de como a comunicação do governo deveria ser. Ela adotou uma linguagem direta, séria e usou referências estéticas similares às de Nikolas Ferreira (PL-MG) e essa escolha estratégica permitiu que a mensagem da parlamentar chegasse a um público mais amplo, incluindo aqueles que consomem conteúdo de políticos opositores.
Para além da comunicação, a trajetória política de Erika Hilton é um marco na história política no Brasil. Com uma carreira em ascensão, Hilton foi eleita em 2020 como a mulher mais votada para vereadora no país e a primeira mulher trans/travesti a ingressar na Câmara Municipal de São Paulo. Nas eleições de 2022, reafirmou sua força política ao ser a primeira travesti a alcançar o cargo de deputada federal, com mais de 250 mil votos no estado de São Paulo.
A deputada federal, que lidera a bancada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Rede Sustentabilidade no Congresso, é uma das figuras políticas de maior destaque nas redes sociais. Com perfis ativos em plataformas como Instagram, TikTok, Twitter e Facebook, Hilton utiliza esses espaços para ampliar a visibilidade sobre diferentes questões sociais e de grande interesse público. Seu perfil tem mais de 3 milhões de seguidores no Instagram.
Brasil é o país que mais cai em desinformação
Uma matéria da Fórum trouxe dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em que mostrava a população brasileira no pior indicador de reconhecimento das fake news. De acordo com o relatório, 57% da população não sabe identificar conteúdo satírico ou sensacionalista como informação falsa. Uma das causas está ligada à polarização política nas redes, alimentada pela extrema direita, que utiliza a desinformação em torno da economia para alimentar conspirações e suscitar medos na população.
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