No dia em que completa o sexto aniversário do episódio em que levou uma facada em plena campanha eleitoral, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que acabou não indo para a cadeia depois de todos os crimes que cometeu no exercício do mandato, voltou à carga e atacou novamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Ele fez questão de ir celebrar a data na cidade onde o fato ocorreu em 2018, Juiz de Fora (MG).
Após meses no papel de perseguido deprimido, calado e com receio de ir parar atrás das grades pelo corolário de ilegalidades que protagonizou, o antigo ocupante do Palácio do Planalto sentiu-se encorajado a retomar o discurso golpista e ameaçador, conclamando sua claque para manifestações do 7 de Setembro.
“Aquele ministro do STF não dá mais. Ele não tem sensibilidade, não tem noção, age como um obcecado para perseguir a minha pessoa... [As informações alardeadas pela Folha de São Paulo mostrariam] como os inquéritos malditos são feitos. Com áudios vazados. Onde um ditador diz: ‘Quero pegar o filho do Bolsonaro’. Não pode me pegar, vai na família, vai no filho, vai na esposa, vai nos amigos do lado. Isso é coisa de insanidade, de quem não quer o futuro melhor do seu país. Brevemente ele vai sair de lá... Vamos desafiar o sistema que eu comecei a abrir suas vísceras exatamente há seis anos”, disparou o líder extremista indo para cima do magistrado que relata os inquéritos nos quais ele é figura como acusado.
Com a já batida retórica incendiária e o discurso parco e pobre habitual, Bolsonaro admitiu que fugiu do Brasil ao fim de seu mandato para não ser preso, fazendo-se de vítima.
“Não tenho obsessão pelo poder. Tenho paixão pelo meu Brasil. Quando eu daqui sai em 30 de dezembro de 2022, algo me aconselhou a agir daquela maneira. Eu pressentia que algo estava para acontecer. Se eu tivesse ficado aqui, no dia 8 de janeiro teria sido preso e até hoje estava preso. Ou melhor, já estaria morto, porque o sistema não me quer preso me quer sem vida. Me quer morto”, disse.
O ex-presidente ainda teve tempo para insistir na tática que implantou durante todo o mandato, de demonizar o Judiciário e jogar seus fanáticos seguidores contra a mais alta corte do país.
“Nós mostramos para o Brasil o que é o Poder Executivo, o Legislativo e o que é o Supremo Tribunal Federal. Mostramos onde está o problema”, completou.