Na Venezuela ocorreram eleições para presidente da República em 28 de julho. O Conselho Nacional Eleitoral (O TSE de lá) declarou vitorioso o atual presidente Nicolás Maduro, que teria recebido mais de 51% do votos.
O Superior Tribunal de Justiça da Venezuela, equivalente ao nosso STF, reconheceu os resultados do CNE e declarou Nicolás Maduro presidente reeleito a ser empossado em 10 de janeiro de 2025.
Após reconhecer o resultado oficial ainda na Venezuela e mudar a versão na Espanha, dizendo que teria sido coagido a escrever a carta em que reconhecia o resultado oficial, o candidato derrotado Edmundo González se autoproclamou na Espanha presidente eleito da Venezuela e afirmou que tomará posse do cargo em janeiro do ano que vem.
O Parlamento Europeu ( não os países da União Europeia, pelo menos por enquanto) reconheceu ontem González como "presidente legítimo da Venezuela".
O reconhecimento ou não do resultado oficial das eleições na Venezuela esconde zangarilho (isca especial para pesca de lulas) preparado para Lula.
Perigos para o Brasil em 2026
Desde pelo menos 2014 os resultados eleitorais no Brasil vêm sendo contestados, um até pelo vencedor.
Em 2014, Aécio Neves disse que foi roubado, até que depois se conformou.
Em 2018, Bolsonaro mesmo eleito contestou o resultado. Segundo o ex-presidente sua vitória teria sido por uma margem muito maior.
Agora em 2022, derrotado por Lula, Bolsonaro contestou o resultado. Está inelegível porque, ainda presidente, convocou embaixadores de diversos países para um encontro onde fez um discurso com ataques a nosso sistema eleitoral.
O descrédito das urnas e do sistema eleitoral brasileiro vem sendo construido pela direita e extrema direita ao longo dos anos.
Soma-se a isso intensa campanha de descrédito de ministros do STF, em especial o ministro Alexandre de Moraes, que presidiu o TSE nas eleições de 2022, e temos uma bomba sendo armada para 2026, pronta para ser detonada em nova vitória de Lula, caso ele venha mesmo a ser candidato, como tudo indica.
Se o governo brasileiro continuar em cima do muro, mordendo e assoprando sobre as eleições na Venezuela, pode estar dando corda para um movimento que poderá se voltar contra ele daqui a dois anos.
Não temos que nos meter em eleições presidenciais de outros países reconhecidas pelos órgãos eleitorais e pelo Judiciário.
Ou amanhã podem fazer o mesmo conosco e termos por aí um Guaidó brasileiro metendo a mão em dinheiro do país confiscado no exterior, como acontece com a Venezuela, que tem bilhões em dólares e ouro confiscados nos Estados Unidos e no Reino Unido.
É isso o que queremos?
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