No feriadão do Dia da Pátria, no comício arrumado pelo desmoralizado Silas Malafaia, o ex-presidente Jair Bolsonaro estava com os nervos à flor da pele, a ponto de explodir, diante da proximidade de sua prisão pelos inúmeros crimes de que é acusado.
No palanque, no meio dos seus, primeiro chorou, emocionado, citando a facada, que quase deixou a filha "órfão" (não adianta, ele não admite a "fraquejada" de ter uma filha mulher), para logo em seguida o cordeirinho chorão se transformar em lobo e atacar o ministro Alexandre de Moraes.
“Eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”.
Ontem, com medo de uma prisão preventiva por ofender o juiz de seus casos, o lobo voltou à pele de cordeirinho. Bolsonaro apareceu de surpresa em um vídeo num evento no clube Monte Líbano e tratou de bajular o ex-presidente Michel Temer, o homem que indicou Alexandre de Moraes ao Supremo e tem grande influência sobre o ministro, que o considera o melhor presidente que o Brasil teve.
"Meus cumprimentos ao Michel Temer, onde (SIC) o Brasil achou o ponto de flexão da economia, e começou a marchar para frente de verdade. Parabéns pela reforma trabalhista, algo que precisava ser feito realmente" — disse Bolsonaro no vídeo.
A aproximação com Temer traz à memória fato semelhante, ocorrido em 2021. Também numa manifestação de 7 de setembro, Bolsonaro ainda presidente deu uma de valentão, como agora:
"Vou dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá! A minha vida pertence a Deus, mas a vitória é de todos nós...Não é uma pessoa que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável, porque não é... Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda pelo presidente do TSE."
"Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou.”
"Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro... Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade”, falou, aos berros na ocasião.
Em seguida, desesperado, com medo de perder o mandato e ir para a cadeia, o valente afinou e mandou buscar Temer em São Paulo e soltaram uma cartinha à nação.
Desta vez não precisa nem escrever nova, basta reenviar a daquele 2021, trocando apenas o texto final, em que assinava
"Jair Bolsonaro
Presidente da República federativa do Brasil"
por
"Jair Bolsonaro
Inelegível e indiciado por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro"
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