ELEIÇÕES 2024

VÍDEO – Boulos sobe o tom contra Marçal no Roda Viva: "Abjeto, criminoso, bandido, marginal"

Candidato do PSOL adota postura mais combativa contra o coach de extrema direita acusado de ligações com o crime organizado

Guilherme Boulos no Roda Viva.Créditos: Divulgação/TV Cultura
Escrito en POLÍTICA el

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), líder nas pesquisas de intenções de voto para a prefeitura de São Paulo (SP), subiu o tom contra seu adversário Pablo Marçal (PRTB) durante entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (26). 

Boulos decidiu adotar uma postura mais combativa contra Marçal após cobranças de eleitores para que sua campanha respondesse aos ataques feitos pelo coach de extrema direita e expusesse as supostas relações de membros de seu partido com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC)

"O Marçal é uma coisa abjeta, um criminoso, um marginal. É isso o que ele é. A normalização do Marçal não partirá de mim jamais. É um criminoso com relações do seu círculo próximo, alguns foram denunciados essa semana por trocar carros de luxo por cocaína. O presidente do partido dele é confessamente ligado ao crime organizado", declarou Boulos. 

Na sequência, Boulos mencionou o fato de Pablo Marçal já ter sido condenado à prisão por integrar um quadrilha que praticava fraudes bancárias contra aposentados. 

"Ele próprio condenado por fraude bancária, por golpe contra aposentado. Uma pessoa que não tem escrúpulo, que inventa todo tipo de mentira. Eu fui o principal alvo dessas mentiras nos últimos 10 dias, não partirá de mim essa normalização", emendou. 

Veja vídeo: 

Em outro momento, o candidato do PSOL foi questionado sobre os ataques do cocach e se emocionou ao falar do sofrimento de suas filhas diante das fake news sobr ele disparadas por Marçal. Boulos ainda desafiou Marçal a apresentar provas de que ele seria usuário de cocaína, já adiantando que o bolsonarista não o fará pois sabe que a acusação se trata de uma mentira. 

"Sabe por que ele não vai apresentar? Por que é uma mentira abjeta que ele criou (...) O cara tinha me acusado de maneira absurda, mentirosa, de usar droga. A minha filha (...) Isso vira comentário na escola. Chega em casa, chora...", disse Boulos, relembrando da ocasião, nas eleições de 2014, em que pensou em desistir da política após sua filha chegar chorando em casa após ataques à sua candidatura, à época à presidência. 

"Já percebi que estamos lidando com um bandido, um criminoso. É assim que eu vou lidar com ele e tratá-lo até o fim dessa eleição. E vou derrotá-lo", afirmou Boulos. 

Assista: 

Pablo Marçal, PRTB, PCC e cocaína 

Uma nova e devastadora bomba atingiu, na de quarta-feira (21), a campanha do coach Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo. Uma investigação da Polícia Civil paulista mostrou que dois assessores pessoais e muito próximos do presidente nacional do PRTB (legenda de Marçal), Leonardo Avalanche, teriam trocado carros de luxo por pacotes de cocaína com o PCC (Primeiro Comando da Capital), maior organização criminosa do Brasil, além de terem cometido outros crimes graves, como financiamento ao tráfico, fraude imobiliária e exploração da prostituição. As informações são do jornal ‘O Estado de S. Paulo’.

Tarcísio Escobar de Almeida, que chegou a ser nomeado presidente estadual do PRTB em São Paulo, mas que teve que deixar a função três dias depois porque sequer tinha título de eleitor, e Júlio César Pereira, conhecido como Gordão, eram os homens mais próximo de Leonardo Avalanche na sigla que um dia foi liderada pelo caricato Levy Fidélix. Foi Avalanche quem bancou, contrariando tudo e a todos, a candidatura de Marçal para o executivo paulistano.

Conforme a apuração das autoridades policiais, Escobar e Gordão têm relação direta com o PCC e teriam realizado a função de financiar o tráfico de drogas para a poderosa quadrilha brasileira que atua em pelo menos 24 países. Tanto Escobar como Gordão já participaram de inúmeros eventos políticos do PRTB e o primeiro tem até fotos com Marçal em encontros da legenda, além de registros na companhia de Avalanche, o homem que manda no partido nacionalmente.

Os dois acusados ligados ao partido de Marçal foram indiciados pela Polícia Civil no ano passado e as investigações teriam chegado a eles, em 2020, por mero acaso. Os agentes estavam monitorando na Zona Leste da capital paulista um homem chamado Francisco Chagas de Sousa, conhecido no mundo do crime como Coringa, que seria dono de um estabelecimento de venda de bebidas alcoólicas. Numa operação na adega, os policiais encontraram drogas, uma pistola e um pen drive que trazia uma complexa listagem e contabilidade de pessoas que seriam integrantes do PCC, assim como os negócios que mantinham com a quadrilha. A Justiça autorizou o aprofundamento das investigações e uma escuta telefônica revelou que Coringa, que seria responsável pelo tráfico interestadual do PCC nos estados de São Paulo e Paraíba, falava com Gordão, uma das lideranças do PRTB. Dias depois, foi o nome de Escobar que apareceu nas investigações.

De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, Escobar teria orientado Gordão a tratar com Coringa a troca de um automóvel BMW X5, avaliado em mais de R$ 700 mil, por cocaína. A conversa explicava que Escobar entraria em contato na sequência para esclarecer melhor como seria a transação. “Nos diálogos mantidos entre ambos, Coringa e Gordão, ficou evidente tratar-se de negociação de veículos com o fim de que sejam trocados por drogas”, diz o trecho do inquérito produzido pela Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes e encaminhado ao Ministério Público.

Ainda segundo os investigadores, a droga em si não passava pelas mãos dos dois investigados ligados ao PRTB, mas era de conhecimento tácito por parte deles que os valores, fossem em dinheiro ou por meio de carros luxuosos, era destinado à aquisição de cocaína em grande quantidade, que após ser vendida, por valores altíssimos, tinha o lucro dividido entre os três, Coringa, Escobar e Gordão. Em resumo, em consonância com as investigações, eles financiavam a compra de pacotes de cocaína com os carros e, depois de revendida a droga por um preço exorbitante, dividiam os valores.

No mesmo inquérito, a Polícia Civil afirma que Escobar e Gordão também estariam envolvidos na direção de uma empresa que vende lotes de forma criminosa a pessoas simples e sem instrução, o que seria crime de fraude imobiliária, além de gerenciarem um prostíbulo. A reportagem afirma ainda que diálogos dos envolvidos obtidos pelos investigadores mostram conversas abertas sobre a administração de questões relacionadas ao PCC, como a advertência de integrantes, um controle minucioso do contingente da quadrilha (espécie de censo) e outras atividades da organização.