Pra variar, o jornal da família Marinho, está "do lado de lá", o lado dos contra, quando se trata de defender os brasileiros mais pobres.
O jornal e a família que foram contra a criação do salário mínimo, trabalharam o quanto puderam até destruir de vez o projeto dos CIEPS de Brizola e Darcy Ribeiro, agora voltam suas baterias contra a correção do BPC, benefício do governo destinado aos idosos de mais de 65 anos e deficientes de baixa renda.
Aqui, quem tem direito ao benefício, segundo o próprio governo:
Pessoa idosa que:
tiver 65 anos ou mais;
for brasileiro nato ou naturalizado;
tiver nacionalidade portuguesa;
tiver renda familiar de até ¼ do salário mínimo por pessoa, calculada com as informações do Cadastro Único (CadÚnico) e dos sistemas do INSS.
O Cadastro Único, que é administrado pelos CRAS, deve estar atualizado há menos de dois anos e conter o CPF de todas as pessoas da família.
Como se vê, é gente que se perder parte do benefício não vai sentir falta, pois está nadando (de nada) em dinheiro... [Aviso: contém ironia]
Em editorial publicado no último dia 7, O Globo defende que o máximo que os beneficiários do BPC podem receber é o salário mínimo corrigido pela inflação (por enquanto, diga-se). Deve ser cortada a possibilidade de correção acima da inflação que é vinculada ao crescimento do PIB.
A mídia hereditária já conseguiu do governo que fizesse o ajuste fiscal em cima dos pobres realizando um pente-fino no BPC, no Bolsa Família, Auxílio-Doença, Farmácia Popular etc.
Conseguiram também que a desoneração da folha das empresas de comunicação (Globo, Folha, Estadão, etc) continuasse, sem que o governo faça o mesmo pente-fino para ver se estão gerando empregos (objetivo da desoneração), quando o que se tem notícia é de jornalistas e artistas demitidos em pencas. Mesmo grandes e históricos atores, dramaturgos, diretores da Rede Globo foram mandados pra rua e agora só trabalham "por empreitada".
A luta do jornalão pela desvinculação dos ganhos do BPC é tanta que chegam a dar um duplo twist carpado na lógica para defendê-lo:
Diante dos números, é imperioso atacar o problema de forma realista. Corrigir o BPC e outros benefícios como auxílio-doença somente pela inflação não provocaria dano social, por manter intacta a capacidade de consumo da população de baixa renda com idade igual ou superior a 65 anos ou portadora de alguma deficiência. De quebra, poderia render uma economia anual de R$ 20 bilhões aos cofres públicos.
Como é que perdendo parte do benefício a população vai manter intacta a capacidade de consumo O Globo não explicou. Só se usar a mesma lógica deles que dizem que com a desoneração estão gerando empregos quando na realidade estão demitindo artistas e jornalistas todos os dias.
No final, o editorial mostra sua preocupação com os pobres:
Romper de vez a transferência geracional da miséria e da pobreza deve ser um dos principais objetivos desse e de todos os futuros governos. Mas, para atingir essa meta, é preciso ter um setor público com as contas em ordem. Por inibir a geração de renda, a falta de responsabilidade fiscal pune de forma mais drástica os mais pobres.
Em outras palavras: para manter benefícios para os mais pobres do futuro é preciso cortar deles hoje.
Porque um imposto progressivo em cima da riqueza, a taxação dos lucros e dividendos hoje isentos, dos aviões, iates, o fim da desoneração das empresas de comunicação... Ah, não, aí os pobres devem entender que é pedir sacrifício demais...