A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi interrogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (19) e deu a sua versão acerca do episódio em que sacou uma arma, em plena região da Avenida Paulista, e, ao lado de assessores também armados, perseguiu um jornalista pelas ruas de São Paulo na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Ela responde por porte ilegal de arma em processo no Supremo.
A parlamentar relatou que estava acompanhada de um amigo policial, à paisana, quando recebeu as provocações do jornalista Luan Araújo. Ela disse que, logo que a confusão começou, ouviu um tiro e viu o amigo caindo no chão.
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“Nesse momento me dei conta do tiro e de que Valdeci Silva de Lima Dias, que é PM, estava caindo. Na hora eu liguei uma coisa na outra. Tinha certeza absoluta de que Luan tinha dado um tiro. Até porque o Luan tinha um volume. O outro rapaz também tinha um volume na cintura, mas o Luan principalmente tinha um volume na cintura”, declarou.
Mas as imagens desmentem aquilo que Zambelli relata. Valdeci Dias realmente caiu em dado momento do episódio, porém, resultado de um tropeço enquanto ele próprio, de arma em punho, perseguia Luan.
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O disparo ouvido pela deputada, o único do caso, teria sido feito pelo próprio policial. Segundo Daniel Bialski, advogado de Zambelli à época, teria sido um disparo acidental provocado pela queda atabalhoada do amigo da parlamentar.
Contrário ao bolsonarismo, Luan trocou provocações com Carla Zambelli naquela tarde. A suposta briga estava num nível verbal, até ele dizer a seguinte frase: “te amo, espanhola”. A referência a uma antiga história contada por Joice Hasselmann, de que Zambelli teria vivido como prostituta na Espanha, fez a parlamentar se enfurecer e partir para cima de Luan com seus amigos e assessores. Nesse momento as armas teriam sido sacadas.
O jornalista foi perseguido por alguns metros, quando o amigo de Zambelli tropeçou ao tentar alcançá-lo. A seguir, de arma em punho, a deputada ordenou que o homem, já rendido, deitasse no chão do bar em que entrou em busca de refúgio.
“Não existe qualquer justificativa para tamanha violência cometida pela parlamentar. Uma atitude inconsequente que colocou não apenas a vida do Luan em risco, mas também de todas as pessoas que estavam próximas, nas ruas e no bar onde ele buscou abrigo”, disse Dora Cavalcanti, advogada de Luan Araújo, ao g1.