O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ovacionado pelo público presente na 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, realizada em Brasília nesta quarta-feira (17).
Ao final do evento, Lula foi ao encontro da plateia e ouviu depoimentos emocionantes de pessoas com deficiência. Ele abraçou, beijou e tirou fotos com os presentes.
“É uma alegria muito grande estar com vocês nesse dia de encerramento da 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e ver tanta gente disposta a debater e a lutar pelos direitos. Vocês vieram aqui para dizer ao governo brasileiro: nós existimos, nós não somos inferiores, nós queremos ser tratados com respeito e com dignidade, e é isso que nós vamos fazer”, disse Lula em seu discurso.
Na ocasião, o presidente o decreto que cria o Sistema Nacional de Cadastro da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (SisTEA).
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Por que Lula leu o discurso?
Parecia apenas mais um ato oficial do presidente Lula, como tantos em que o chefe de Estado participa quase diariamente, mas uma atitude logo de início causou estranheza em todos. O petista foi à cerimônia de abertura da 5ª edição da Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em Brasília, e em vez de pegar o microfone e sair falando, como sempre fez em mais de 45 anos de vida política, ele sacou um discurso elaborado por sua assessoria e começou a ler.
A bem da verdade, antes de começar a ler, Lula deu uma explicação e mostrou a justificativa para fazer algo incomum e que foge de sua natureza pessoal, já que o líder é visto como um orador nato e muito hábil ao falar com multidões.
“Janja me alertou de uma coisa. Ela falou: 'Amor, tome cuidado com cada palavra que você vai falar porque essa gente tem a sensibilidade aguçada'. Então, eu decidi ler para não falar nenhuma palavra que possa me criar problema... Também se eu falar alguma palavra, vocês sabem que nesse assunto vocês são os especialistas. Vocês sabem que eu sou um analfabeto e preciso aprender muito com vocês para a gente aprender a cuidar de vocês com o carinho e com o respeito que é necessário”, afirmou o presidente.
Aos 78 anos, Lula já está em seu terceiro mandato como chefe de Estado e de governo, sendo que os dois primeiros mandatos transcorreram durante quase toda a década de 2000 (de 2003 a 2010), numa época sem as redes sociais e na qual muitas palavras e expressões, tidas hoje como agressivas e insultuosas, era apenas “normais”. Recentemente, falas do presidente sobre violência contra a mulher e em relação a conflitos internacionais serviram de munição para que opositores, sobretudo as franjas radicais do bolsonarismo, o atacassem ferozmente, alegando que o estadista era desrespeitoso com as pessoas.
Como assuntos relacionados às Pessoas com Deficiência (PcD’s) requerem um bom entendimento sobre a realidade dessas cidadãs e cidadãos, além de um conhecimento específico, a assessoria de Lula conseguiu convencê-lo a falar por meio do discurso elaborado por profissionais afeitos ao tema, evitando gafes ou mal-entendidos.