BOLSONARO MENTE

O mundo imaginário de Bolsonaro: “só conservadores sofrem atentados”

Em vídeo publicado nas redes sociais, o ex-presidente mais uma vez mente descaradamente e convoca evangélicos para guerra contra as "portas do inferno"

Bolsonaro e mais uma de suas grandes mentiras: a cloroquina para covid-19.Créditos: YouTube/Reprodução
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O ex-presidente e atualmente inelegível Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo nas redes sociais afirmando que "só os conservadores sofrem atentados". Ele fez essa declaração ao comentar o ataque sofrido pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, ocorrido durante um comício eleitoral no sábado (13).

“Somente pessoas conservadoras sofrem atentados”, disse Bolsonaro no vídeo, respondendo a perguntas de jornalistas. E continuou: “Os atentados são contra as pessoas de bem e conservadoras”.

Bolsonaro tentou traçar um paralelo entre o ataque a Trump e o atentado que sofreu em 2018, quando foi alvo de uma facada durante uma atividade de campanha em Juiz de Fora (MG), no primeiro turno da eleição presidencial.

Em outro trecho do vídeo, o ex-presidente foi questionado sobre seu indiciamento pela Polícia Federal e criticou a imprensa, como de costume, e tentou levar a conversa para outro campo de seu mundo imaginário: “Economicamente, como está o Brasil? Uma porcaria. Como está a pauta de costumes? Comigo, não se falava de marco temporal, liberação de maconha, liberação de aborto, propriedade privada. Nada disso. Foi só eu sair de lá que a desgraça toda, as portas do inferno se abriram para o nosso país, infelizmente”, concluiu.

Desconhecimento histórico

O ex-presidente parece desconhecer tanto a história brasileira quanto mundial ao defender a tese de que atentados só acontecem contra pessoas conservadoras. Um simples olhar na história traria pessoas odiadas pelos conservadores (sendo na maioria das vezes vítimas deles) que sofreram atentados e, muitos deles, com finais trágicos. Martin Luther King, Mahatma Gandhi, Yitzhak Rabin, Rosa Luxemburgo, Dorothy Stang, Chico Mendes, Margarida Maria Alves, João Pedro Teixeira, Marighella e, mais recente (e bem conhecida do clã Bolsonaro) Marielle Franco, são apenas alguns dos nomes que podemos ressaltar num primeiro momento. Mas seria demais querer que o Jair soubesse dessas coisas.

Outras mentiras

Um dos grandes problemas do bolsonarismo e da não regulamentação das redes é que a certeza da impunidade favorece essa gente que mente sem nenhum constrangimento. Além de colocar o marco temporal na categoria de “pautas morais”, dizer que o Brasil está, em comparação aos seus 4 anos de governo, uma porcaria economicamente é, no mínimo, uma ofensa a qualquer um que tenha o mínimo de acesso às informações básicas dos índices econômicos. Foram 13 milhões de pessoas que saíram do mapa da fome, mapa que o Brasil já não ocupava e voltou a fazer parte em 2022, no final do mandato de Bolsonaro. O país que despencou para o 13º lugar no ranking das maiores economias do mundo, já é a 9º e deve ocupar o 8º lugar até o fim de 2024. Todos os índices são favoráveis quando comparados aos do governo anterior. Bolsonaro, mais uma vez, mente.

Apito de cachorro

Assim como fez em suas campanhas, ao utilizar versículos bíblicos e frases religiosas de efeito, o ex-presidente segue em seu discurso repleto de “apitos de cachorro”, aquelas frases ou expressões que passam despercebidas, mas que têm um objetivo claro de comunicar a um determinado público, que entende perfeitamente a mensagem e costuma responder a esses estímulos. Ao usar a expressão “as portas do inferno se abriram para o nosso país”, Bolsonaro fala diretamente ao imaginário evangélico. No texto bíblico, as “portas do inferno” são antagonistas da igreja, e não prevalecerão sobre ela. É um chamado à batalha espiritual, irmã siamesa da teologia do domínio. Apesar de mentiroso contumaz e perverso, o inelegível sabe muito bem como fazer seu mundo imaginário parecer real e concreto para muita gente. É preciso estar atento e forte.

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