XANDÃO NA MIRA

Por que estratégia de Bolsonaro é eleger maior número de senadores em 2026?

Bolsonaristas dão a eleição presidencial de 2026 como perdida para Lula e querem fazer maioria no Senado para terem em mãos, entre outras coisas, o poder de destituir ministros do STF

Créditos: Imagem: Fabio Rodrigue Pozzebom / Agência Brasil
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Em 2026 haverá a renovação de 2/3 do Senado Federal. Serão 54 vagas, duas por estado, em 81 senadores.

A estratégia dos bolsonaristas é eleger o máximo possível de senadores para formar uma maioria que permita emendas à constituição, as chamadas PECs, Propostas de Emendas à Constituição. São precisos 49 votos no Senado para isso.

Já que dão como certo que Bolsonaro não poderá se candidatar à presidência, pois está inelegível por oito anos, e acham que dificilmente Lula não será reeleito, apostam tudo na eleição do Senado para chegarem ao poder de forma indireta.

Porque os Senadores da República podem muito. Há matérias que são de competência privativa do Senado, começam e se exaurem na própria Casa, não sendo, portanto, levadas à apreciação da Câmara. 

Compete privativamente ao Senado: 

  • 1) Processar e julgar, nos crimes de responsabilidade, o presidente e o vice-presidente da República, os ministros e os comandantes das Forças Armadas, nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles, e ainda os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República e o advogado- geral da União; 
  • 2) Aprovar previamente a indicação de ministros do STF, de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU) indicados pelo presidente da República; governador de território; presidente e diretores do Banco Central; procurador-geral da República; chefes de missão diplomática de caráter permanente; advogado-geral e defensor-geral da União; integrantes das agências reguladoras e titulares de entidades que a lei vier a determinar; 
  • 3) Autorizar operações de natureza financeira de interesse da União, dos estados, municípios e Distrito Federal, e dispor sobre outras questões financeiras dos entes federativos; 
  • 4) Suspender, no todo ou em parte, a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF; 
  • 5) Aprovar a exoneração, de ofício, do procurador-geral da República antes do término do seu mandato; 
  • 6) Elaborar seu regimento interno e dispor sobre sua organização e funcionamento; 
  • 7) Eleger componentes do Conselho da República

O Senado pode, por exemplo, destituir um ministro do Supremo, como Alexandre de Moraes, visto como inimigo dos bolsonaristas. 

E, pela lista de atribuições, é possível ver o quanto de poder eles terão em mãos, caso consigam a maioria, e o estrago que podem fazer.

Bolsonarismo em ação

Com o intuito de formar uma maioria no Senado, a estratégia é eleger o máximo possível de bolsonaristas raiz e se aliarem à centro direita, quando for inevitável, para formarem um bloco majoritário no período 2027-2030.

 

 

A articulação tem sido pensada por Bolsonaro, pelo senador Flávio Bolsonaro, pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e também envolve o presidente do PP, Ciro Nogueira. O objetivo do grupo é ambicioso e envolve eleger todos os senadores na região Sul, Sudeste e Centro-Oeste, metade dos senadores no Norte e mais cinco no Nordeste.

“Isso já está certo: A coisa mais importante da vida do Bolsonaro é a eleição do Senado. Onde ele puder colocar um bolsonarista ele vai botar. Onde ele não puder botar um bolsonarista que ganhe, que tenha risco de perder, ele vai colocar um aliado”, disse Ciro Nogueira ao Valor.