TRANSFOBIA

Nikolas Ferreira volta a atacar comunidade trans: "não podem provar que são mulheres"

A declaração do deputado de extrema direita acontece um dia após provocar tumulto no Conselho de Ética e atacar a parlamentar Erika Hilton

Nikolas Ferreira volta a atacar comunidade trans: "não podem provar que são mulheres".Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) voltou a destilar ódio contra a comunidade de pessoas transexuais, um dia após causar tumulto no Conselho de Ética e atacar a parlamentar Erika Hilton (PSOL-SP), desqualificando sua identidade de gênero.

Após ser criticado pela jornalista Cynara Menezes, que apresenta os programas "Brocou na Internet" e "Programão da Fórum" na TV Fórum, o deputado respondeu com um novo ataque contra as pessoas transexuais.

Em uma publicação em seu perfil no X, Cynara Menezes criticou uma fala de Nikolas Ferreira dada durante audiência pública com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. "Se o deputado Nikolas Ferreira se acha no direito de dizer quem é ou não mulher, nós podemos dizer que ele não é homem. Correto?", questionou Menezes.

De maneira sórdida, Nikolas Ferreira se utilizou de um argumento tipicamente transfóbico para responder ao questionamento da jornalista Cynara Menezes. "Podem dizer que eu não sou homem, mas eu posso provar. Podem dizer que mulher trans é mulher, mas não podem provar. Simples assim", declarou Ferreira.


Nikolas Ferreira é humilhado por ministra das Mulheres durante audiência 

Na quarta-feira (5), a Câmara dos Deputados foi palco de uma série de baixarias protagonizadas por deputados da extrema-direita. Uma delas se deu no Conselho de Ética que, após arquivar denúncia contra o deputado André Janones (Avante-MG), se tornou alvo de variadas violências por parte de bolsonaristas que, revoltados, partiram para cima de Janones.

Porém, na mesma quarta-feira, a Câmara realizou uma audiência com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que foi convocada para prestar esclarecimentos sobre o trabalho de sua pasta, o que é praxe no Congresso. No entanto, parlamentares da extrema-direita tumultuaram a audiência.

Um dos momentos mais baixos, vejam só, foi protagonizado por Nikolas Ferreira (PL-MG), que repetiu a ladainha transfóbica e tentou pregar uma armadilha para a ministra Cida Gonçalves.

"Daqui a pouco vai ter pessoas falando, 'eu sou mulher trans e estou grávida', 'eu sou mulher trans e menstruo'. Ora, não menstrua e não engravida. Ponto. Vocês não têm condição de dizer o que é uma mulher. Sabe por que, ministra? Porque caso contrário, você sim irá sofrer um cancelamento. Se você definir o que é mulher hoje e, se você não definir, você estará basicamente dizendo que a ministra das Mulheres do Brasil não consegue, não pode ou não quer definir o que é mulher", questionou Nikolas Ferreira.

Ao responder, Cida Gonçalves deu uma aula do que é fazer política pública para Nikolas Ferreira e o deixou desconcertado. "É por isso que para nós é tão caro ter uma Secretaria das Mulheres nos estados e municípios. É por isso que nós precisamos ter as secretarias de mulheres para que possa dar conta de que no município cobre do prefeito, que no estado cobre do governador, para que nós possamos ter uma política que dê conta - e aí sim eu já vou começar a responder o deputado - da diversidade do que são as mulheres brasileiras", disse.

"Nós já definimos o nome que é Ministério das Mulheres, não é Ministério da Mulher, porque o Ministério das Mulheres tem que trabalhar a partir de uma perspectiva do que são as diversas mulheres brasileiras. As mulheres que estão em São Paulo, não são as mesmas mulheres que estão na floresta amazônica, não são as mesmas mulheres que estão no Pantanal. Nós precisamos pensar as mulheres na sua diversidade, na sua pluralidade e na sua realidade. É dessa forma que nós pensamos política pública para as mulheres [...] não é discutir única e exclusivamente o que é ser mulher, mas é o que nós podemos fazer para as mulheres brasileiras e esse é o papel do Ministério das Mulheres".

Em seguida, a ministra mostra para o deputado como se pensa uma política pública. "Eu também quero dizer para o senhor, com todo o respeito, deputado, assim como o senhor fez comigo, eu não acho que a discussão que o senhor está trazendo é uma discussão ideológica, não acho que é uma questão ideológica. Nós estamos pensando em políticas públicas e política pública precisa ser definida a partir de alguns elementos que são fundamentais dentro do Estado e da história. Você tem que pensar a partir da realidade, a partir do orçamento que você tem, a partir da sua capacidade de execução, a sua capacidade de monitoramento, isso é pensar política pública”.

Em seguida, Cida Gonçalves rebate a acusação de Nikolas Ferreira de que ela estaria com medo de discutir a categoria "mulher". "Com relação à questão do medo, que o senhor disse, não é medo, eu não tenho medo de fazer debates, eu só escolho os debates que eu tenho que fazer e quais são aqueles que são estratégicos para ajudar as mulheres do meu país a avançar".

Confira o momento no vídeo abaixo: