EXPLODIR O GASÔMETRO

Estádio do Flamengo será no local onde quase foi cometido o maior crime da ditadura

História macabra que envolve o local onde deverá ser construído o futuro estádio do Flamengo envolve brigadeiro criminoso e um capitão herói, que poderia ser homenageado pelo clube

Créditos: Foto: Prefeitura do Rio/Cdurp
Escrito en POLÍTICA el

Aquele que pode vir a ser o sonho realizado da torcida do Flamengo, seu estádio próprio, será construído sobre o Gasômetro, área já desapropriada pela prefeitura do Rio e em disputa pelos votos cariocas nas próximas eleições.

O prefeito Eduardo Paes veio a público de forma bem humorada anunciando o projeto e ao mesmo tempo, porém de forma velada, o nome de seu futuro companheiro de chapa — o deputado federal Pedro Paulo — nas eleições deste ano.

O mais próximo adversário de Paes na corrida à prefeitura segundo as pesquisas, o deputado federal bolsonarista Alexandre Ramagem, reagiu na mesma rede X:

O Gasômetro e a ditadura militar 

No entanto, sobre o Gasômetro, onde será construído o estádio, há uma história da época da ditadura que nenhum dos dois candidatos quis comentar: aquele que poderia ter sido o maior crime da ditadura, possivelmente matando de uma só vez até 100 mil pessoas.

O crime seria cometido pela ditadura militar, especificamente pelo comando da Aeronáutica, como narra o deputado federal e professor de História Chico Alencar em seu perfil no X, antigo Twitter:

 

Durante a ditadura empresarial-militar, os militares criaram um plano, arquitetado pelo Brigadeiro João Paulo Burnier, de explodir o Gasômetro, que já chegou a ser o maior do mundo, com capacidade para fornecer 180 mil metros cúbicos de gás por dia. 

O objetivo - como no malogrado caso do Riocentro - era culpar as organizações de esquerda pelo atentado, e aumentar a repressão contra os movimentos de resistência ao regime. 

Burnier ordenou que o então capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, conhecido como Sérgio “Macaco”, coordenador do grupo de paraquedistas de salvamento e resgate – Para-Sar – efetuasse a ação. 

Sérgio, com muita coragem, se recusou a cumprir as ordens do comandante de extrema direita e denunciou o caso à imprensa. 

Foi punido por insubordinação e, com o AI-5, compulsoriamente reformado. 

Não fosse pelo capitão Sérgio Macaco, milhares de pessoas teriam sido assassinadas.