Foi preso nesta sexa-feira (28) o empresário Miguel Gutierrez, em Madri, na Espanha. O ex-CEO da Americanas foi colocado na lista vermelha da Interpol após ser declarado com foragido pela Polícia Federal.
Uma operação foi deflagrada no Brasil nesta quinta (27), mas Gutierrez não foi localizado pelas autoridades nacionais.
O que pesa contra Gutierrez
O empresário, que tem cidadania espanhola, foi detido pela manhã. Segundo a PF, ele estaria envolvido na fraude contábil da Americanas "desde o seu planejamento até a publicação dos resultados”.
As investigações baseiam-se em acordos de colaboração premiada firmados por Marcelo Nunes, ex-diretor financeiro da empresa, e Flávia Carneiro, que era responsável pela controladoria da holding que administrava a Americanas, B2W.
A investigação revelou indícios robustos de crimes como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada (insider trading), associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Segundo a PF, com a colaboração da atual diretoria da Americanas, há indícios que os ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado. Essa operação permitia que a varejista antecipe o pagamento a fornecedores por meio de empréstimos junto aos bancos.
O rombo nas Americanas
A quebradeira da Americanas foi confirmada em 2023, quando a empresa anunciou um rombo de R$ 20 bilhões em suas contas, uma quantidade oito vezes maior que o seu valor de mercado.
O rombo é oriunda em fraudes contábeis registradas em 2022. De acordo com as investigações conduzidas pela Polícia Federal, Gutierrez teria sido um dos responsáveis por essa manobra.
A Polícia Federal (PF) identificou "manobras fraudulentas" destinadas a alterar "os resultados reais da empresa". O objetivo dessas manobras era obter vantagens indevidas por meio do pagamento de bônus por metas atingidas e aumentar ilicitamente a cotação das ações das Americanas, gerando ganhos financeiros injustificados para alguns investigados que tinham participação acionária nas empresas.
Além dele, João Guerra Duarte Neto, Anna Christina Soteto, Anna Saicali, Carlos Eduardo Padilha, Fabien Picavet, Fabio Abrate, Jean Pierre Ferreira, João Guerra Duarte Neto, José Timotheo de Barros, Luiz Augusto Henriques, Marcio Cruz Meirelles, Maria Chirstina Do Nascimento, Murilo dos Santos Correa e Raoni Lapagesse Franco também foram alvos de mandados de busca e apreensão.