De LISBOA | A porta do edifício da reitoria da Universidade de Lisboa, pouco antes das 9h (horário local), estava lotada de carros e vans dos quais saíam centenas de homens e mulheres trajados elegantemente. De um deles saltou o ministro Gilmar Mendes, do STF. Menos de um minuto depois, foi a vez de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, desembarcar. E ele acabou tornando-se a figura central do primeiro dia do encontro, por uma razão simples.
A mesa de abertura da cerimônia deveria contar com a presença do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas ele não apareceu e causou surpresa no público e na imprensa. Sua aparição na TV tarde da noite, na terça (25), em Brasília, comentando a decisão do Supremo de descriminalizar o porte de maconha, já era um sinal que sua presença do outro lado do Atlântico seria difícil de ocorrer.
Te podría interesar
Com o time desfalcado, coube ao presidente da Assembleia da República de Portugal, José Pedro Aguiar-Branco, discursar e dar as boas-vindas aos palestrantes e ao público, relembrando sempre, como de costume, "os eternos laços dos dois países em lados opostos do oceano".
Lira falou pouco e, de maneira protocolar, salientou os desafios do mundo digital no qual vivemos hoje, listando alguns "feitos" da Câmara durante sua presidência, afirmando que pretende deixar "um Brasil melhor" ao sair do cargo.
A Gilmar Mendes, por sua vez, coube agradecer ao público e às autoridades pelo "sucesso" do Fórum de Lisboa, em que pese as críticas de setores da imprensa e dos próprios mundos jurídico e político, que dizem não fazer sentido um evento tão nababesco, tratando de Brasil, mas longe do território nacional.
Discurso duro do presidente da FGV
Carlos Ivan Simonsen Leal, presidente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fez um duro discurso na cerimônia de abertura. Ele mencionou as mudanças experimentadas pela sociedade mundo afora, sobretudo com fenômenos como o encolhimento das classe médias e a "uberização", dizendo que não é possível que caminhemos para uma humanidade em que todos se tornem "motoristas de aplicativo e entregadores de refeições", como se isso fosse bom.