O Consulado de Israel pressionou e a Câmara Municipal de São Paulo cancelou, em cima da hora, o "Seminário sobre a situação da Palestina e o Partido dos Trabalhadores", que estava marcado para as 19h desta terça-feira (25). A suspensão do evento foi comunicada pelo presidente da Casa, Milton Leite (União), por meio de ofício enviado à vereadora Luna Zarattini (PT).
O comunicado de Milton Leite começou a circular em grupos de WhatsApp povoados por simpatizantes da causa palestina e a reportagem da Fórum confirmou a veracidade do documento junto ao gabinete da vereadora. O gabinete também informou que o evento foi transferido para o Diretório Municipal do PT, no centro de São Paulo.
A influência da representação diplomática israelense na decisão da Câmara Municipal paulistana está expressa logo na primeira frase do documento.
“Em função das informações divulgadas recentemente pela imprensa e considerando as preocupações expressas pelo Consulado Geral de Israel em São Paulo, venho por meio desta comunicar a suspensão do evento ‘Seminário sobre a situação da Palestina e o Partido dos Trabalhadores’ previsto para hoje, às 19h, na Sala Oscar Pedroso Horta”, diz o trecho inicial.
A seguir, o comunicado aponta que a decisão está fundamentada no Artigo 1º, inciso 3º, do Regimento Interno da Câmara Municipal, o que exige que a Mesa Diretora “realize uma deliberação aprofundada sobre a matéria”.
“A suspensão tem como objetivo garantir uma análise detalhada dos aspectos relacionados ao evento, assegurando que todas as atividades promovidas nesta Casa estejam alinhadas aos princípios do respeito, diplomacia e segurança pública. Solicito que sejam tomadas todas as medidas necessárias para impedir a realização do evento até que a análise e averiguação estejam completas. Agradeço sua compreensão e estou à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais”, finaliza Milton Leite.
Em outras palavras, o presidente da Câmara Municipal deu poucas horas para que o gabinete de Luna Zarattini fizesse a divulgação do cancelamento do evento. Nas redes sociais, a vereadora protestou contra a decisão, que considera um “absurdo”.
“Por que censurar um debate sobre uma questão humanitária urgente e de importância mundial? Precisamos debater os caminhos para o cessar-fogo imediato, em busca da paz e pelo fim de qualquer genocídio. A Câmara Municipal que se diz ‘a casa do povo’ deveria ser um espaço democrático! Chega de censura”, escreveu Zarattini.