Prestes a concluir o inquérito das joias, que apura o caso das dos artigos de luxo que Jair Bolsonaro teria subtraído do acervo da Presidência da República e tentado vender nos Estados Unidos, a Polícia Federal (PF) já teria tomado uma decisão sobre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Quando as revelações de que emissários de Bolsonaro tentaram entrar no Brasil sem declarar joias dadas ao Estado brasileiro por autoridades de países árabes, pouco antes da abertura das investigações, informações preliminares davam conta de que as peças com pedras preciosas seriam destinadas a Michelle. Investigadores ligados ao inquérito, após meses de apurações, entretanto, informaram ao jornalista Paulo Cappelli, do site Metrópoles, que não puderam "ver as digitais" da ex-primeira-dama no esquema.
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Michelle, portanto, não deve ser indiciada, diferentemente de seu marido, Jair Bolsonaro, que é apontado como o líder de uma suposta organização criminosa que se apropriou de bens do Estado para enriquecimento pessoal.
Cid diz que entregou dinheiro das joias nas mãos de Bolsonaro
O tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, confessou à Polícia Federal que entregou uma parte do dinheiro obtido com a venda de joias desviadas do patrimônio do Estado nas mãos do ex-presidente de extrema direita. O fato teria ocorrido em setembro de 2022, em Nova York, durante uma viagem oficial do então mandatário aos EUA, quando o radical participaria de sua última Assembleia-Geral da ONU.
Conforme o depoimento de Cid à PF, vazado na tarde desta quarta-feira (19) à imprensa, o dinheiro vivo seria oriundo da negociação de relógios que Bolsonaro recebeu de autoridades estrangeiras, que pela lei brasileira seriam do Estado, mas que ele desviou e vendeu para, segundo o delator, ficar com os valores em papel moeda.
Os dados contidos nos autos do processo, que tramita no Supremo Tribunal Federal, mostram que os relógios teriam rendido US$ 68 mil, em vendas efetuadas pelo pai do tenente-coronel, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, que teria ido na mesma época a Miami e Nova York, justamente com o propósito de vender as joias do Estado e conseguir o máximo possível de dinheiro com os itens de luxo.
De acordo com Cid, o filho, seu pai teria demorado alguns dias para conseguir sacar os US$ 68 mil que foram depositados em sua conta pelo fato do limite disponível diário nos caixas eletrônicos dos EUA ser muito baixo. Depois, com o dinheiro em mãos, ele teria sido repassado a Bolsonaro em Nova York, enquanto o presidente estava e missão oficial representando o Estado brasileiro.
A novidade no inquérito fica por conta do restante do dinheiro proveniente das vendas criminosas, que teria sido entregue a Bolsonaro quando ele já estava fora do cargo de presidente, em 2023, em Orlando, na Flórida, também nos EUA, quando ele “fugiu” do país para não entregar a faixa presidencial a Lula (PT), que na semana seguinte sofreria uma tentativa de golpe desfechada pelos seguidores radicais do extremista.