JULGAMENTO

Golpista que quebrou relógio histórico no Planalto deve pegar 17 anos de prisão, diz Moraes

Ministro votou para condenar Antônio Cláudio Alves Ferreira por quatro crimes, entre eles golpe de Estado

Antônio Cláudio Alves Ferreira quebrando relógio histórico no Palácio do Planalto.Créditos: Reprodução / TV Globo / Divulgação
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O bolsonarista Antônio Cláudio Alves Ferreira, preso por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, deve ser condenado a 17 anos de prisão, segundo voto proferido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta quinta-feira (20).

Ferreira foi o responsável por destruir o relógio histórico de Balthazar Martinot trazido por Dom João VI para o Brasil em 1808 e que ficava no Palácio do Planalto. Feita de casco de tartaruga e um tipo raro de bronze, a peça foi enviada para restauro à Suíça e sua destruição se tornou um dos símbolos do levante antidemocrático de bolsonaristas que vandalizaram as sedes dos Três Poderes. 

Através do plenário virtual do STF, Moraes votou para que o bolsonarista seja condenado por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima. De acordo com o ministro,  há um “robusto conjunto probatório” contra o golpista. 

“Está comprovado, tanto pelos depoimentos de testemunhas arroladas pelo Ministério Público, quanto pelas conclusões do Interventor Federal, vídeos e fotos realizados pelo próprio réu e outros elementos informativos, que ANTONIO CLAUDIO ALVES FERREIRA, como participante e frequentador do QGEx e invasor de prédios públicos na Praça dos Três Poderes, com emprego de violência ou grave ameaça, tentou abolir o Estado Democrático de Direito, visando o impedimento ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais por meio da depredação e ocupação dos edifícios-sede do Três Poderes da República”, escreveu o magistrado. 

Ferreira está preso desde 24 de janeiro de 2023 e sua defesa tenta a absolvição. Desde setembro do ano passado, o STF condenou 224 pessoas envolvidas nos atos extremistas e absolveu apenas uma. 

Milei entrega ao Brasil lista de bolsonaristas foragidos na Argentina 

Apesar dos pedidos desesperados de asilo político feitos por lideranças do bolsonarismo, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), e do alinhamento do presidente argentino Javier Milei com a extrema direita brasileira, o governo da Argentina atendeu ao pedido do Ministério das Relações Exteriores do governo Lula. Na noite desta quarta-feira (19), a Argentina enviou uma lista com os nomes de brasileiros acusados de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e que estão foragidos no país.

A lista inclui cerca de 60 bolsonaristas que tinham prisão decretada ou que descumpriram medidas cautelares e fugiram para a Argentina sem passar pelos controles de fronteira. Segundo o governo argentino, dez desses golpistas já teriam deixado o país e fugido para outros territórios.

Em resposta a um pedido da Polícia Federal (PF), o governo brasileiro havia enviado à Argentina uma lista com os nomes e documentos de 143 pessoas condenadas pelos atos golpistas, solicitando que as autoridades argentinas especificassem quais delas estavam em solo argentino.

Com a lista em mãos, o governo Lula agora encaminhará os nomes ao Supremo Tribunal Federal (STF), que preparará os pedidos de extradição a serem enviados à Justiça argentina.