A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, não deixou o barato o editorial publicado nesta sexta-feira (21) pela Folha de S.Paulo no qual o jornal diz que “a autonomia do Banco Central serve para proteger o próprio presidente Lula”. A publicação paulista vive aos afagos com Roberto Campos Neto, presidente do BC, e explicitamente defende medidas de austeridade extrema que afetam o povo, assim como a cartilha neoliberal que prevê juros altos e cortes de gastos em áreas vitais para a população.
“Não, Folha, o BC “autônomo” não protege Lula. Protege os especuladores e as ricas elites que ganham muito, mas muito dinheiro, em cima da maior taxa de juros do planeta. Uma taxa mantida artificialmente, na marra mesmo, com apoio de editoriais como os de hoje e de uma cobertura econômica totalmente enviesada, que ignora os fatos econômicos para se manter fiel aos dogmas do neoliberalismo. O que vocês chamam de “autonomia” do BC é a subserviência aos interesses do mercado, dos bancos e das corporações que a mídia representa”, disparou a parlamentar.
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Na lógica enviesada e dissimulada da Folha, que tem razões de sobra para apoiar a manutenção de juros elevados, as ações do bolsonarista Campos Neto e de outros integrantes do BC seriam benéficas ao próprio chefe de Estado por que “preserva a credibilidade da política de controle da inflação”.
Esta semana, na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, a taxa básica de juros, a Selic, não sofreu novo corte, mantendo-se em 10,5%, interrompendo uma sequência de nove recuos. Com a decisão, Lula abriu fogo contra Campos Neto e a atual equipe que dirige a instituição, que segundo ele vêm sabotando o Brasil ao manter uma das taxas de juros mais exorbitantes do planeta, o que afeta inúmeros indicadores econômicos no país, sobretudo no que se refere a investimentos.
“Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país que para ajudar o país. Porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está. Então, é preciso baixar a taxa de juro compatível com a inflação. A inflação está totalmente controlada. Agora fica se inventando discurso de inflação do futuro, que vai acontecer. Vamos trabalhar em cima do real. Realmente, o Brasil está vivendo um bom momento. A economia está andando, os empregos estão crescendo, os salários estão crescendo, a inflação está caindo. Ou seja, o que mais nós queremos? O que mais nós queremos é atrair mais investimentos para o Brasil e que o Banco Central se comporte na perspectiva de ajudar esse país e não de atrapalhar o crescimento do país”, reclamou o presidente da República na terça-feira (18).