Na enfática entrevista de Lula à CBN nesta terça-feira (18), o presidente do Brasil respondeu aos questionamentos sobre a chamada taxa das blusinhas, conhecida como 'Imposto da Shein'.
Lula esclareceu que o governo aceitou a imposição do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), mas que não concorda com a medida.
"Eu falei para o Haddad, a sua filha compra, a sua mulher compra. Porque são coisas que estão aí baratinhas, coisas para pintura, para cabelo, um monte de coisa. Sabe, 50 dólares. Ora, por que taxar 50 dólares? Por que taxar o pobre e não taxar o cara que vai no Free Shop e gasta mil dólares?", questionou Lula, em referência às lojas 'duty free', presentes em aeroportos e que permitem a aquisição de produtos com isenção fiscal.
"É apenas uma questão de consideração com o povo mais humilde desse país. Sabe, as pessoas gastam 50 dólares, têm que pagar imposto. E o cara que gasta dois mil não paga? Gasta mil e quinhentos, não paga, gasta mil. Então, essa foi a minha divergência", completou.
"Houve um acordo. E eu assumi o compromisso com o Haddad de que eu aceitaria colocar o Pis e Cofins para a gente cobrar, que dá mais ou menos 20%. Isso está garantido. Eu estou fazendo isso pela unidade do Congresso, do governo e das pessoas que queriam. Porque eu, pessoalmente, acho equivocado a gente taxar as pessoas humildes que gastam 50 dólares", completou Lula.
A imposição de Lira
A taxação das blusinhas introduzida na legislação do Mover foi mais uma articulação de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.
Pressionado por empresários do ramo têxtil e encorajado por Jair Bolsonaro, o alagoano colocou o jabuti no meio da lei do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), projeto caro ao governo Lula.
Lula já havia vetado a medida no ano passado quando foi proposta por Haddad, mas a pressão de Lira acabou sendo determinante para adoção do presidente, que vai sancionar a medida contrariado, como esclareceu na entrevista de hoje à CBN.