GUILHERME BOULOS

Nunes perde na Justiça e não consegue censurar panfletos do PSOL; saiba o que eles dizem

Material contra atual prefeito revelava "grande esquema" na prefeitura; juiz voltou atrás de decisão

Partido de Nunes entrou com ação contra panfletos, mas não conseguiu censurar material
Partido de Nunes entrou com ação contra panfletos, mas não conseguiu censurar materialCréditos: Paulo Pinto/Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el

Nesta sexta-feira (14), o juiz Paulo Eduardo Sorci, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, voltou atrás e decidiu que os panfletos críticos ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) feitos pelo PSOL podem voltar a circular.

Há algumas semanas, o material foi apreendido por ordem do mesmo juiz, que enxergou, em liminar, "excesso de liberdade de expressão" no material. A ação foi movida pelo partido do prefeito.

Ao recuar, Sorci afirmou que a censura do material tinha a capacidade de “macular a paridade entre os possíveis candidatos ao pleito vindouro”. Ele afirmou que, após examinar a totalidade dos panfletos, percebeu que não se trata de uma peça eleitoral pró-Boulos.

“Verificando-se detidamente página a página do panfleto, não há nenhum pedido de voto, não voto, utilização das ditas ‘palavras mágicas’, tampouco conjunto semântico capaz de configurar a propaganda eleitoral antecipada negativa. Também não se nota nenhum outro tipo de propaganda eleitoral", continua o juiz.

No dia 5 de junho, cinco mulheres foram detidas pela Polícia Militar de São Paulo por estarem distribuindo o material no bairro de São Miguel, na Zona Leste da capital paulista.

O que dizia o documento

Os panfletos divulgados pelo PSOL e pelo PT revelavam que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) fez diversos contratos sem licitação durante o seu mandato.

O material, chamado de 'Jornal São Paulo Urgente', mostra que o prefeito "torrou" bilhões em obras sem licitação em um "grande esquema", utilizando reportagens de diferentes veículos para se embasar.

Este é o material que Ricardo Nunes queria censurar

Uma matéria do UOL cita que R$ 4,3 bilhões da prefeitura - com enfoque em contratos para obras emergenciais - foram gastos em empresas sem licitação. Três empresas geridas pela mesma família receberam pelo menos R$ 750 milhões, informa a reportagem, reproduzida no panfleto.

O material também cita a história de Pedro José da Silva, padrinho da filha do prefeito, que recebeu R$ 43 milhões em contratos assinados sem licitação com a prefeitura através da empresa DPT Engenharia e Arquitetura.

O ausência de licitação para obras urbanas pode gerar superfaturamento, cartelamento de preços, corrupção ativa e passiva.  O Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM) está analisando as obras "emergenciais" feitas por Ricardo Nunes.

Além disso, baseado em uma reportagem do g1, o material produzido pelo PSOL afirma que "fila de exames na saúde, que já era gigante, agora é ainda maior".

A campanha do atual prefeito quer censurar o material por conta de ilustrações de sacos de dinheiro, que adicionariam um elemento de "fantasia" à história.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar