INVESTIGAÇÃO

Leilão do arroz: Polícia Federal instaura investigação para apurar "possíveis irregularidades"

O governo federal cancelou o leilão devido a "incapacidade técnica dos vencedores" e um novo deve ser anunciado

Leilão do arroz: Polícia Federal instaura investigação para apurar "possíveis irregularidades".Créditos: Governo federal/ Ministério da Agricultura
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A Polícia Federal (PF) instaurou nesta quarta-feira (12) um inquérito policial para investigar possíveis irregularidades no leilão realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para compra de arroz importado.

De acordo com comunicado divulgado pela corporação, "o ofício da presidência da Conab solicitou a apuração da regularidade do processo licitatório, diante de denúncias de que empresas sem histórico de atuação no mercado de cereais venceram o certame. A investigação segue em sigilo".

Governo federal anula leilão do arroz devido a "incapacidade técnica dos vencedores"
 

Segundo anúncio o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, nesta terça-feira (11), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que vai anular o leilão de importação de arroz.

A decisão pelo cancelamento ocorreu após indícios de falta de capacidade técnica e irregularidades nos vencedores. Estavam presentes durante o anúncio, no Palácio do Planalto, além de Edegar Pretto, os ministros Carlos Favaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

Favaro afirmou ainda que recebeu e aceitou o pedido de demissão do secretário de Política Agrícola, Neri GellerA divulgação de que um ex-assessor havia intermediado quase metade da venda do arroz importado no leilão promovido pela Conab provocou o desgaste do secretário.

"Hoje pela manhã secretário Neri Geller me comunicou, fez ponderação, [que] quando filho dele estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de Política Agrícola. Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que de fato gerou transtorno, e por isso colocou cargo a disposição", afirmou Favaro.

Segundo denúncia do Globo Rural, a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos, que foram criadas no ano passado por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor do então deputado federal Neri Geller, intermediaram a venda de 44% do arroz importado que foi vendido no leilão da Conab.

As duas empresas apontadas representaram três das quatro que arremataram lotes no leilão. O valor do negócio foi de R$ 580,1 milhões, do total de R$ 1,3 bilhão As comissões de corretagem das empresas foram calculadas com base nesses valores.

França e Neri Geller têm ligação estreita. França foi assessor parlamentar de Geller durante o seu mandato de deputado federal, no período de 2019 a 2020. Além disso, França é o presidente da BMT. França também é sócio de uma empresa com Marcelo Piccini Geller, filho de Neri Geller, e foi colega de Thiago dos Santos, atual diretor de Operações e Abastecimento da Conab, no gabinete de Geller.

Novo leilão

“A decisão é anular esse leilão e proceder novo, mais ajustado, para contratar empresas que possam entregar arroz de qualidade no melhor preço”, disse Pretto.

Ainda de acordo com ele, “não temos ainda data” para o novo leilão.

O governo Lula decidiu importar arroz para evitar especulações de preço depois das enchentes no Rio Grande do Sul. O estado  é responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz.

 

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