O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) João Martins afirmou, em reunião com parlamentares da bancado do boi, que "está na hora de dar um basta" no governo Lula.
O discurso golpista, aliado com a extrema direita e diferentes setores do centrão, tem crescido dentro dos corredores do Congresso.
A CNA é a representação patronal dos ruralistas. Em 1964, articularam o golpe contra João Goulart. Em 2016, foram a favor do golpe contra a presidenta Dilma. Em 2022, apoiaram fortemente a candidatura de Jair Bolsonaro. Alguém duvida do que eles são capazes?
Agora, conspiram contra o governo. O discurso anti-Lula foi dado em reunião da CNA com a Frente Parlamentar da Agropecuária, forma institucional da bancada ruralista.
"Eu não quero falar com o presidente Lula. Eu me recuso a falar com o presidente Lula, porque nós estamos vivendo um desgoverno. Vocês que fazem o Congresso, que fazem com que no Congresso as coisas aconteçam, está na hora da gente dizer que o país precisa de um plano para poder se desenvolver. O país não pode ficar à mercê do momento que o agro vai bem, o país vai bem", disse Martins.
A premissa do discurso foi a MP do Equilíbrio Fiscal inserida por Fernando Haddad, que limita os créditos de PIS/Cofins para compensação da desoneraçãoda folha, o que combateria nesse imposto, além de aumentar a arrecadação do governo no curto prazo, essencial para alcance do déficit zero prometido pelo ministro da Fazenda.
A medida provisória foi rejeitada por empresários, em especial do setor do agro, e a proposta já foi devolvida para o governo.
A entidade já havia choramingado por conta da importação de arroz promovida pelo governo federal e pela Conab.
A resposta de Gleisi
A presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) respondeu as declarações de João Martins aos parlamentares da bancada do boi através das redes sociais.
Ela citou diversos investimentos do governo no agro, como a promoção da produção através do plano Safra, além dos esforços do governo pelo Rio Grande do Sul e a os benefícios obtidos pelo setor na Reforma Tributária aprovada pelo próprio ministro Fernando Haddad.
"Desgoverno era aquele que a CNA apoiou, que isolou o Brasil e fechou mercados por incentivar o desmatamento, as queimadas, os agrotóxicos, o trabalho escravo e a truculência contra os trabalhadores rurais", disse Gleisi.
"O agro não é maior que o Brasil, mas é importante demais para ser representado por pessoas cegas pela ideologia de extrema-direita, incapazes de enxergar um palmo além da própria ganância", completou a parlamentar.