O deputado federal bolsonarista Luciano Zucco (PL-RS) fez uso de suas redes sociais para solicitar “doações" às vítimas das inundações no Rio Grande do Sul. Em um vídeo divulgado, ele indica o PIX vinculado ao CNPJ do Instituto Harpia Brasil – Asas da Ação e Liberdade como canal para as doações. Contudo, segundo o portal Sul 21, trata-se de uma associação civil de extrema-direita com sede em Goiás.
Inclusive, na postagem do vídeo pela plataforma X, antigo Twitter, a comunidade de leitores havia adicionado um comentário indicando que o instituto tem conexões com o movimento “Invasão Zero”, um grupo armado bolsonarista do agronegócio. O deputado ainda diz no vídeo que o instituto em questão “está coletando fundos para apoiar as defesas civis dos municípios do Rio Grande do Sul”. No entanto, em nenhum momento Zucco menciona a campanha de captação de recursos que está sendo feita pela Defesa Civil Estadual.
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Vinicios Betiol, Mestre em Geopolítica pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e autor do livro “A arte da guerra online: como enfrentar as redes de extrema direita na internet”, questionou no X o pedido de doações para o Instituto Harpia Brasil. Ele destacou que o instituto “foi estabelecido por políticos bolsonaristas para promover ideias de extrema direita”. Betiol também citou o aproveitamento da situação trágica no Rio Grande do Sul pelo deputado.
As ligações do Harpia Brasil com o Invasão Zero
O “Invasão Zero” é um grupo de fazendeiros bolsonaristas que atua no sul da Bahia, e tem atraído atenção de autoridades nos últimos meses, devido às “desocupações” realizadas sem a aprovação judicial e com a presença de fazendeiros armados, contra comunidades indígenas e o Movimento Sem Terra (MST). Em janeiro, o grupo tentou “desocupar” uma fazenda em Potiraguá, localizada no sul da Bahia, e assassinou Maria de Fátima Muniz, líder indígena conhecida como Nega Pataxó.
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Sob investigação da Polícia Civil por supostamente funcionar como uma milícia nas fazendas, o “Invasão Zero” foi organizado no sul da Bahia por proprietários de terras abastados e poderosos. O grupo fornece manuais para guiar a “defesa de propriedades” e alega que suas ações “estão dentro da legalidade”. Nesta reportagem, a Fórum explica mais sobre o grupo.
As ligações entre o Instituto Harpia Brasil, os apoiadores de Bolsonaro e o movimento Invasão Zero foram destacadas durante o 1º Congresso do Instituto, que ocorreu em Goiânia no dia 27 de outubro de 2023, de acordo com o site De Olho nos Ruralistas.
Inaugurado pelo Major Vitor Hugo (PL-GO), ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara Federal, o evento marcou a “estreia da entidade ultraconservadora, estabelecida com o objetivo de cultivar novos líderes de direita e exercer pressão sobre os governos estaduais e federal contra a reforma agrária e a demarcação de terras indígenas”. Zucco rotulou os membros do MST como “criminosos e terroristas”, e Jair Bolsonaro foi homenageado como presidente honorário da organização durante a reunião.