Desde 2016 coincidências históricas têm feito com que acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos sejam replicados aqui no Brasil pouco depois:
Naquele ano, um outsider, tido pelos próprio estadunidenses como um bilionário fanfarrão, apresentador histriônico de um reality show, se transformou em presidente dos Estados Unidos: Donald Trump.
Ninguém acreditava que aquele"palhaço" (como o definiu o ator Robert De Niro num discurso indignado) poderia se eleger, mas aconteceu.
Dois anos depois, o Brasil elegia um tipo ainda pior: um político fracassado, sem nenhuma expressão, que sempre viveu de pequenos expedientes, usando apartamento funcional como motel, "para comer gente", fazendo rachadinhas e se apropriando de dinheiro em combustível suficiente para ir e voltar à Lua de carro: Jair Bolsonaro.
Os dois enfrentaram a pandemia da Covid-19 da mesma forma. Primeiro Trump lá, depois Bolsonaro aqui: com negacionismo, remédios inúteis sem comprovação científica, recusa em comprar vacinas, até que tiveram o mesmo resultado sinistro: EUA e Brasil foram os dois países com mais mortes pelo coronavírus no planeta.
Em 2020, Trump tentou a reeleição. Jogou com todos os artifícios, mentiu, lançou suspeitas contra o sistema eleitoral, e ao final perdeu. Inconformado, inflamou seus seguidores a não aceitarem o resultado das urnas, que teria sido roubado. Como consequência, em 6 de janeiro de 2021 fanáticos de Trump invadiram o Capitólio e tentaram barrar o anúncio da vitória de Joe Biden.
Em 2022, o Brasil novamente repetiu os acontecimentos dos Estados Unidos, como se seguissem um mesmo roteiro escrito. Bolsonaro tentou de tudo para se reeleger, distribuiu milhões e milhões em benefícios, pôs a Polícia Rodoviária Federal para bloquear e atrapalhar eleitores de Lula de votarem em seu candidato. Mas ainda assim perdeu, por escassa margem.
Exatamente como Trump fizera dois anos antes nos Estados Unidos, Bolsonaro desacreditou as eleições e insuflou seus apoiadores, ao mesmo tempo em que, nos bastidores, tramava um golpe de Estado. Até que houve o 8 de janeiro, cópia do 6 de janeiro dos EUA, quando bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, que daria início ao golpe frustrado.
Ontem, Donald Trump foi declarado culpado de 34 crimes. Sua condenação é ainda mais veemente quando sabemos que no julgamento por lá não pode haver divergência entre os membros do júri. Eram12 pessoas e os 12 tinham que concordar com a declaração de culpado ou não. Bastaria um voto discordante para que Trump fosse salvo. Mas ele foi condenado por unanimidade nos 34 crimes.
A salvação não veio e Trump é o primeiro ex-presidente dos EUA condenado na História daquele país. E manteve a arrogância costumeira na declaração à imprensa, logo após a decisão do júri.
Ao ofender o juiz, Trump joga para seu eleitorado, mas, ao mesmo tempo, pode estar piorando sua sentença, que será anunciada no dia 11 de julho pelo juiz que ele ofendeu.
Hoje, o principal jornal dos EUA, The New York Times, estampa em sua primeira página a palavra GUILTY (culpado), com uma imagem de Trump abaixo.
Pela sequência natural do roteiro que vêm seguindo EUA e Brasil, o próximo é Bolsonaro, que já foi declarado inelegível pelos próximos oito anos e logo vai começar a ser julgado pelos inúmeros crimes de que é acusado. A tentativa de golpe de Estado provavelmente será o primeiro deles, seguido pelo do roubo de jóias.
A principal diferença entre Trump e Bolsonaro (além das evidentes) é que os crimes de que Trump foi considerado culpado não são quase nada comparado ao de que Bolsonaro é acusado: tentativa de golpe de Estado.
O destino deve ser o mesmo: GUILTY. Culpado.