Não bastassem os prejuízos que as suas decisões erradas na questão ambiental trouxeram ao Rio Grande do Sul o governador Eduardo Leite admite adiar para sabe-se lá quando o direito dos gaúchos de julgar seus prefeitos e vereadores nas eleições deste ano.
"Ainda é um pouco cedo [para falar no adiamento das eleições], mas também não vai poder retardar muito essa discussão. Junho já é um momento pré-eleitoral e em julho se estabelecem as convenções. É um debate pertinente. O Estado estará em reconstrução, ainda em momentos incipientes, em que trocas de governos municipais podem atrapalhar esse processo. O próprio debate eleitoral pode acabar dificultando a recuperação" disse numa entrevista a O Globo.
Isto é coisa de quem não gosta de ouvir o povo ou tem medo de seu julgamento.
É quando a memória ainda está fresca que o povo pode julgar se seu prefeito e seus vereadores trabalharam pelo Município ou pelas enchentes, se fizeram obras de contenção das encostas, recuperação das matas ou seguiram o conselho do antigo ministro de Jair Bolsonaro Ricardo Salles e "passaram a boiada"...
Quem não deve não teme a opinião popular.
O povo não só pode como deve julgar com seu voto, por exemplo, prefeitos que agiram como o governador Eduardo Leite, preocupados com o ajuste fiscal, que não cuidaram da questão ambiental que agora praticamente destruiu boa parte do estado.
Leite reconheceu sem querer seu erro em entrevista à Folha. Disse que estudos alertavam para a questão ambiental, mas "a agenda que se impunha ao estado era especialmente aquela vinculada ao restabelecimento da capacidade fiscal do estado".
Preferiu o ajuste fiscal e agora o ajuste vai para o ralo com os bilhões que serão necessários para recuperar o estado.
Nas eleições, os prefeitos e vereadores vão pode explicar aos eleitores por que tomaram ou deixaram de tomar as atitudes para prevenir ou minorar as enchentes.
O prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo, por exemplo, vai poder explicar por que não cuidou da manutenção do sistema de bombas e do muro de proteção do Porto.
Ao contrário do temor de Eduardo Leite, talvez a situação calamitosa do estado traga a grande oportunidade de cidadãos e políticos definirem juntos qual o Rio Grande do Sul que querem (re)construir para o futuro.