O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participou nesta segunda-feira (13) da inauguração da primeira linha do sistema de transporte aquático na represa Billings após sucessivos atrasos. A viagem inaugural foi marcada por um susto, quando o interior de uma das embarcações foi invadido por fumaça. Dois barcos realizam a travessia entre o Grajaú e Parelheiros, na Zona Sul, sendo que um dos veículos foi alugado emergencialmente.
A fumaça que tomou conta do interior do barco para 60 usuários – onde seguiam o prefeito, secretários municipais, autoridades e a imprensa – intoxicou alguns dos ocupantes. Passageiros da primeira viagem reclamaram de falta de ar, ardência de olhos e garganta, além do cheiro de óleo queimado, que provocou tosse e náusea.
Técnicos da SPTrans confirmaram que os testes foram realizados com os barcos vazios, ignorando a sobrecarga dos 60 passageiros, como ocorreu na ocasião. De acordo com especialistas, "seria normal" um motor novo expelir fumaça e exalar cheiro de combustível queimado quando submetido à força máxima. Outra queixa ouvida foi sobre o mal cheiro da represa, que recebe esgoto sem tratamento.
Ao lado de diversos secretários municipais e vereadores da situação, Nunes minimizou as ocorrências do primeiro dia de operação assistida, que deve se estender por seis meses sem cobrança de tarifa. "Foi um sucesso, deu tudo certo, era o que a gente esperava. E, gradativamente, a gente vai ampliando o horário e ampliando o número de embarcações", disse o prefeito.
A estatal municipal SPTrans herdou a operação do sistema após as investigações do MPSP (Ministério Público de São Paulo) sobre o envolvimento do crime organizado com os sócios-diretores da Transwolff, empresa de transportes sob intervenção da Prefeitura que originalmente teria o direito de operar do transporte aquático na Billings.
Contrato emergencial de aluguel
Outro fato marcante foi a publicação, na edição de hoje do Diário Oficial do Município de São Paulo, do contrato de aluguel sem licitação de uma embarcação menor – para 30 passageiros – que custará aos cofres públicos R$ 45 mil por três meses.
Satisfeito por ver "o seu sonho realizado" após tantos adiamentos, Nunes preferiu focar na campanha à reeleição para a Prefeitura de São Paulo, marcada para outubro, prometendo ampliar o serviço de transporte aquático.
"Futuramente a gente vai fazer lá na represa Guarapiranga", adiantou o prefeito, acrescentando que esse é um plano para uma eventual reeleição. O projeto básico a gente já tem, mas vai ficar para o primeiro plano de governo do ano que vem. Muito dificilmente vai conseguir fazer esse ano", contou Nunes.
O Sistema Aquático-SP origina-se de um projeto do então vereador Ricardo Nunes, em 2014. A matéria foi aprovada pela Câmara Municipal e, posteriormente, sancionada por Fernando Haddad, quando o petista era prefeito. Nunes tenta inaugurar o serviço de transporte aquático desde 28 de março, mas seus planos foram atrapalhados por uma decisão judicial que foi revertida posteriormente.