TENSÃO

Alckmin defende Haddad após chilique de Pacheco: "tarefa de todos os Poderes"

Vice-presidente mantém posição do governo em embate com presidente do Senado

Alckmin reforça recado de Haddad ao Congresso NacionalCréditos: Valter Campanato/Agência Brasil
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O vice-presidente e ministro da Indústria Geraldo Alckmin defendeu a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, blindando o petista das críticas de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal.

Haddad defendeu que o Poder Legislativo seja obrigado a ter "responsabilidade fiscal" assim como o Executivo, o que Pacheco chamou de injusto.

Alckmin, que compõe a área mais moderada do governo no âmbito fiscal, junto de Haddad e Simone Tebet (Orçamento), defendeu o governo e criticou Pacheco.

"O que caracteriza o governo do presidente Lula é o diálogo, diálogo permanente com os demais poderes e os vários níveis da federação. A responsabilidade fiscal é um dever de todos. É com boa política fiscal que nós vamos ter política monetária melhor, com redução de juros e crescimento da economia. Acho que é um compromisso de todos, e o caminho é o diálogo", afirmou durante presença no Agrishow neste domingo (28).

A rixa entre Haddad e Pacheco

Neste sábado (28), Haddad criticou a desoneração da folha apoiada por Arthur Lira, presidente da Câmara, e Pacheco, derrubando a MP de Lula e aprovando uma proposta com impacto de R$ 32 bilhões ao ano até 2027. 

"Há não muito tempo atrás, criar despesas e renunciar a receitas eram atos exclusivos do poder Executivo. O Supremo Tribunal Federal disse que o Parlamento também tem o direito de fazer o mesmo. Mas qual é o desequilíbrio? É que o Executivo tem que respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal. E o Parlamento, não. É por isso que nós recorremos agora ao STF [na ação que discutia a desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia e para prefeituras]", havia dito Haddad.

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, expressou descontentamento com a fala. "Uma coisa é ter responsabilidade fiscal, outra bem diferente é exigir do Parlamento adesão integral ao que pensa o Executivo sobre o desenvolvimento do Brasil. Até porque o progresso se assenta na geração de riquezas, tecnologia, crédito, oportunidades e empregos, e não na oneração do empresariado, da produção e da mão de obra", disse o senador. Ainda disse que era "injusta" a fala de Haddad com o parlamento por este ter aprovado o Teto de Gastos, uma das maiores anomalias econômicas da história moderna.

A questão da desoneração está no Supremo, que tende a apoiar o governo. Lira, contrariado, também aproveitou para criticar o Supremo neste sábado.

“O que é que adianta um projeto com 400 votos no plenário da Câmara e um parlamentar entra com a ADI e um ministro [do STF] dá uma liminar?”. Segundo ele, as ADIs vêm "todos os dias de todos os setores” e as “discussões [jurídicas] nunca findam. Temos parlamentares que têm coragem de enfrentar esse tema”, completou.