COPACABANA NÃO ENGANA

Bolsonaro usa Malafaia para atacar Alexandre de Moraes e Pacheco

Em discurso para um público muito aquém do esperado, Bolsonaro serviu mais do mesmo a seus admiradores, em número menor a cada evento

Créditos: Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Em evento realizado na manhã de ontem na Praia de Copacabana, Rio, o ex-presidente Jair Bolsonaro terceirizou seu discurso e pôs na boca do pastor Silas Malafaia os recados que ele, Bolsonaro, gostaria de mandar, mas não pôde, pois seria preso.

Boneco de ventríloquo do presidente, o pastor Malafaia cumpriu seu papel à risca, porque sabe que os alvos de sua suposta ira — o ministro Alexandre de Moraes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco — não lhe dão a mínima importância.

A relevância política do que fala Malafaia é zero, e todos sabem que ele só está ali para mandar mensagens de Bolsonaro.

 

Bolsonaro: A culpa é de outro

 

O ex-presidente aprendeu, quando quase foi expulso do Exército por fazer um croqui de bombas que faria explodir nos quartéis, que aquele erro não poderia mais cometer.

O erro de ameaçar explodir bombas? Não, o de fazer o croqui de próprio punho.

A partir daquele dia Bolsonaro passou a terceirizar tudo.

O esquema das rachadinhas era cuidado pelo seu boy de luxo, Fabrício Queiroz. Depois o esquema foi passado para o filho Flávio, com o mesmo Queiroz de operador. Qualquer problema, a culpa era do Queiroz, eles não sabiam de nada.

Como presidente, Bolsonaro terceirizou os malfeitos no tenente-coronel Mauro Cid, seu ajudante de ordens, responsável pelos certificados falsos de vacina, venda de joias surrupiadas do Estado brasileiro, pagamento de contas da madame Michele com dinheiro vivo.

Agora, às vésperas de ir para a cadeia, Bolsonaro terceiriza os recados que queria dar: contra o ministro Alexandre de Moraes, relator dos seus inúmeros problemas com a Justiça, e contra o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por não pressionar Moraes com aceno de possibilidade de impeachment, que é atribuição do Senado.

 

Boneco de ventríloquo

 

Malafaia cumpriu à risca o papel. Atacou Moraes e Pacheco:

  • "Há dois anos, chamo Alexandre de Moraes de ditador da toga. Alexandre de Moraes, quem te colocou como censor da democracia? Quem é você para definir o que um brasileiro pode falar? Todo ditador tem um modus operandi: prende alguns para colocar medo em outros, para que ninguém o confronte. Meu negócio não é STF, meu negócio é Alexandre de Moraes."
  • “O senhor presidente do senado, Rodrigo Pacheco, até aqui, frouxo, covarde, omisso. Rodrigo Pacheco envergonha o honrado povo mineiro que o elegeu.”

Em seu discurso, Bolsonaro citou obras realizadas que não eram dele e elogiou seu governo, sem conseguir explicar por que saiu derrotado, mesmo tendo feito esse governo "maravilhoso" de seu discurso e ainda ter usado a compra de votos com medidas eleitoreiras, distribuindo bilhões de reais à população e até impedindo eleitores de Lula de votarem no segundo turno, usando para isso a Polícia Rodoviária Federal.

Bolsonaro contava conseguir um público de mais de 100 mil pessoas em Copacabana. Não conseguiu um terço disso: 32 mil, segundo a USP.

E para tristeza dele, o domingo passou, hoje é segunda-feira e a realidade continua a mesma, os processos contra ele seguem andando e, logo, ele terá que prestar contas à Justiça, mesmo atribuindo aos outros todos os erros que comete ao longo da vida.