Na linha do ex-presidente Collor, que apelou ao povo que comparecesse a uma manifestação em sua defesa no caso de seu impeachment ("Não me deixem só!"), o pastor Silas Malafaia, dia a dia, sobe o tom contra o STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes.
Percebendo que todos os caminhos dos processos na Justiça levam Bolsonaro para a cadeia, Malafaia parece querer fazer companhia ao ex-presidente e provoca Alexandre de Moraes para ir para a Papuda também.
Como o ministro tem mais o que fazer e o ignora solenemente, o pastor sobe o tom, ficando cada vez mais agressivo, sentindo falta talvez da enquadrada que lhe deu o jornalista Ricardo Boechat.
No dia da manifestação em favor de Bolsonaro na Avenida Paulista em fevereiro, Malafaia já havia feito críticas ao Judiciário.
Agora, segundo a Folha, Malafaia afirma que o discurso em São Paulo com críticas ao tribunal foi "água com açúcar" perto do que fará no próximo domingo, no evento marcado estrategicamente na praia de Copacabana.
"Em São Paulo meu discurso foi água com açúcar", diz o religioso. Na ocasião, ele criticou Alexandre de Moraes e disse que era "uma vergonha" e "uma afronta" declarações do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, afirmando que "nós derrotamos o bolsonarismo".
Bolsofaia ou Malanaro
Na mesma linha vai o ex-presidente Jair Bolsonaro, que convoca seus apoiadores para uma manifestação em defesa da democracia e do Estado democrático de Direito e da liberdade de expressão. Tudo o que seria abolido no Brasil, caso o golpe que ele tentou dar tivesse êxito.
Se não vivêssemos num Estado democrático de Direito, Bolsonaro já estaria preso há muito tempo e não respondendo em liberdade aos inúmeros processos em que é investigado.
Se não tivéssemos liberdade de expressão, Bolsonaro e Malafaia não estariam criticando a "falta de liberdade de expressão", porque seriam censurados — e presos, torturados e até mortos, como na ditadura militar 1964-1985 de que são saudosos.
O que pretendem é pegar carona no foguete de Elon Musk, que teve interesses contrariados no Brasil, e na extrema direita mundial para convulsionar o mundo e oferecerem um governo ditatorial, policialesco e miliciano como alternativa. Exatamente como agem os grupos milicianos.
Pelos BOs colados em Bolsonaro — organização, planejamento e execução de golpe de Estado frustrado, falsificação de vacinas, roubo de joias, divulgação de medicamentos ineficazes contra a Covid, etc —, só pelo fato de ainda estar em liberdade é prova de que vivemos numa democracia plena, com todos tendo seus direitos respeitados, até aqueles que queriam nos tirar esses direitos, através de um golpe de Estado.
Bolsonaro e Malafaia contam com o jornalismo declaratório da mídia comercial, house organ do Mercado, para continuarem mentindo sem contestação e alimentando seus fanáticos seguidores, muitos deles hoje na Papuda, enquanto a dupla segue dizendo que não têm liberdade de expressão.
O melhor comentário sobre os dois foi feito pelo próprio Malafaia, quando consagrou Bolsonaro candidato.
Se o mito e seu pastor querem ir para a Papuda juntos, chegará o tempo dos dois, se for feita Justiça.