CUIDADO

Luz amarela acesa para Haddad: Merval Pereira enche ministro de elogios

Quando elogio vem do campo adversário (e as Organizações Globo, de que Merval é porta-voz, sempre estiveram na contramão dos interesses do povo brasileiro) é bom pensar sobre o que podemos estar fazendo de errado

Créditos: Reprodução Globonews
Escrito en POLÍTICA el

Em sua coluna de hoje em O Globo, o jornalista e presidente da Academia Brasileira de Letras Merval Pereira enche de elogios o ministro Fernando Haddad.

Não que Haddad não mereça elogios pela maneira como vem conseguindo conduzir a economia após a tragédia do desgoverno Bolsonaro, das amarras do teto de gastos e do Banco Central independente conduzido por um bolsonarista de sapatênis.

Mas, elogios do porta-voz da Globo são para acender a luz amarela, e Haddad deve procurar o que pode estar fazendo de errado, se não está pesando muito a mão para o lado farialimers em detrimento daqueles que estão na origem do Partido dos Trabalhadores e que deram nome ao Partido.

 

"Haddad é um ministro da Fazenda que negocia com o Congresso sem as amarras ideológicas e, num ambiente majoritariamente hostil à esquerda, conseguiu separar a política da economia, garantindo apoio às mudanças que vem promovendo", escreve Merval.

 

Duvido que Haddad concorde com essa avaliação. Ele é formado em Direito, com mestrado em Economia e doutorado em Filosofia e sabe que "separar política de economia" é política.

Separando Haddad do PT, Merval critica a "política externa brasileira [que] está muito mais próxima da de países ditatoriais como Irã, que tem importância geopolítica na região, que do apoio a Israel". 

Por que o Brasil deveria estar apoiando Israel, que comete um genocídio em Gaza? 

 

"Sem dúvida Haddad hoje é o petista mais bem colocado numa presumível disputa caso Lula não seja candidato à reeleição. Com os bons resultados obtidos até o momento, ele se dispõe a fazer análises como a que fez ontem, na entrevista ao Estúdio i na GloboNews, sobre a necessidade de haver renovação na política brasileira, sem se sentir obrigado a explicitar sua lealdade ao presidente Lula.

Nem poderia ser de outra maneira. Os últimos que resolveram enfrentar Lula dentro do PT, o hoje deputado Eduardo Suplicy e o ex-ministro Cristovam Buarque, acabaram inviabilizados no partido".

 

Pregar renovação no PT, que tem simplesmente como presidente a maior liderança da América do Sul e das maiores do mundo, é um etarismo fora de lugar para um jornalista que é apenas quatro anos mais novo que Lula.

Dizer que Suplicy e Cristovam foram inviabilizados no PT é uma distorção histórica. Cristovam se atrapalhou com as próprias pernas, como aconteceu a outros políticos que também culpam Lula pelos seus fracassos, como Ciro Gomes.

Suplicy tem a estatura que sempre teve.

E Merval se esqueceu de falar de Marina Silva, que, ela sim, brigou com Lula e o PT em certa época, fundou o próprio Partido e hoje é uma ministra com um papel fundamental no governo Lula, à frente do estratégico Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil.

Haddad já foi alçado à presidência por Lula em 2018. Sabe da confiança que o presidente deposita nele. 

Certamente vai refletir sobre a coluna de Merval, que só pode ter como meta criar uma crise artificial com o PT ou fazê-lo encantar-se com o canto de sereia da Globo e dos farialimers do Mercado.

É hora de lembrar outro líder popular, Leonel Brizola, e seu conselho sobre a Globo:

 

“Quando vocês tiverem dúvidas quanto a que posição tomar diante de qualquer situação, atentem: Se a Rede Globo for a favor, somos contra. Se for contra, somos a favor!”