GOLPISTA

Quem é o hacker preso pela PF que ajudou a espalhar teorias conspiratórias sobre eleições

Marco Roberto Correia da Silva é acusado de vazar dados de milhões de brasileiros e teria ligação com deputados bolsonaristas

Marco Roberto Correia da Silva, hacker.Créditos: Reprodução/Arquivo Pessoal
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O hacker Marco Roberto Correia da Silva foi preso pela Polícia Federal na última terça-feira (9) pelo vazamento de dados de milhões de brasileiros. Mas essa não é a única acusação que pesa contra ele. Para além dos crimes cibernéticos, também é apontado como um difusor de teorias conspiratórias que buscavam desacreditar o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas.

Em 2021, ele gravou um vídeo encomendado pelo deputado federal Filipe Barros (PL-PR), onde dizia ter capacidade para invadir o sistema eleitoral e fraudar os resultados das urnas. “Posso manipular tudinho”, em suas palavras.

De acordo com reportagem publicada no Estadão, o deputado enviou seus assessores ao encontro do hacker, dentro do presídio onde Marco Roberto estava em prisão preventiva. O objetivo era justamente esse: desacreditar as eleições e a Justiça Eleitoral.

Foram os próprios assessores de Barros que fizeram a gravação e fizeram o Hacker assinar um termo em que atestava que a gravação era espontânea. O vídeo foi ao ar em julho de 2021 e teve centenas de milhares de visualizações em poucos dias.

Mas mesmo com o amplo alcance, a narrativa de Marco Roberto foi totalmente desmentida pelos meios de comunicação. Primeiro porque as urnas eletrônicas não se conectam à internet. Segundo porque o Tribunal Superior Eleitoral toma todos os cuidados possíveis e imaginários com criptografia e segurança de suas redes.

O vídeo foi produzido no âmbito da relatoria da PEC do Voto Impresso, que tinha Barros como relator e Bia Kicis (PL-DF) como auditora. O texto foi rejeitado pela Câmara semanas depois da divulgação das imagens. Após o episódio, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) voltaria à carga com a sua bravata de que ‘se o voto não fosse impresso e auditável, não haveria eleições em 2022’.

Marco Roberto ‘VandaTheGod’

Aos 25 anos, ele foi preso em 2021 em casa, no bairro Laranjeiras, em Uberlândia, Minas Gerais. Alvo da Operação Deepwater, da Polícia Federal, teve um celular e um computador apreendidos. Após cumprir a prisão preventiva, foi posto em prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. Mas em novembro do ano passado, simplesmente retirou o artefato e fugiu. Manteve-se foragido até a última terça-feira, quando foi recapturado em Feira de Santana (BA).

De acordo com a PF, o mandado de prisão preventiva foi expedido pela 1ª Vara Federal de Uberlândia/MG e o preso ficará à disposição da Justiça no Centro de Observação Penal, em Salvador.

Ele ganhou notoriedade no mundo digital com o apelido VandaTheGod. Sob essa alcunha, foi alvo da Operação Defaced e preso em 2019 suspeito de invadir sites da Polícia Civil e do Ministério Público de MG, além do Tribunal de Justiça de Goiás e do próprio Exército. Já solto, em 2020, foi alvo de busca e apreensão no âmbito da Operação Exploit, a mesma que prendeu outro hacker suspeito de invadir sistemas do Tribunal Superior Eleitoral.

Em 2021, quando foi preso em Uberlândia, a PF o encontrou numa residência humilde, que dividia com a mãe, três irmãos e dois sobrinhos. Sua irmã contou que ele passava a maior parte do tempo trancado no quarto e não contribuía com o pagamento das despesas da família. “Minha mãe sempre aconselhava ele a ir trabalhar, falava pra entregar currículo, que não era vida ficar no computador. O que minha mãe pôde dar de educação, ela deu”, revelou a irmã ao g1.