ESCULACHO

Nikolas Ferreira na Comissão de Educação lembra frase de Elias Maluco

Certas nomeações para presidências de Comissões da Câmara, mais do que o direito de uma momentânea maioria são um esculacho com o Brasil

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O deputado Nikolas Ferreira, conhecido como Nikolas Chupetinha, foi escolhido presidente da Comissão de Educação da Câmara. Nikolas já defendeu a criação de um partido nazista e não vê problema em negações do Holocausto.

Sua nomeação para a presidência de uma das mais importantes Comissões da Câmara me trouxe a cabeça a prisão de um bandido perigoso, hoje já morto — Elias Maluco.

Elias Maluco era chefe do tráfico no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e foi o responsável pelo bárbaro assassinato do jornalista Tim Lopes

Tim fazia uma reportagem investigativa, infiltrado e incógnito, quando foi reconhecido pelos traficantes e executado, sob as ordens de Elias Maluco, apelido pelo qual ficou conhecido Elias Pereira da Silva.

Maluco teria dado o golpe final no jornalista, após sessão de torturas, com um sabre japonês.

A busca por sua captura moveu a policia do Rio numa verdadeira caçada. 

 

Havia 800 policiais atrás de Elias Maluco, revezando-se em turnos de mais de 250 agentes num cerco que já durava 48 horas no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. A caminho da escola ou do trabalho, os moradores da área andavam depressa. Não queriam se ver em meio a um confronto que, com tantas armas na rua, poderia acontecer a qualquer momento. Às 7h30 de uma quinta-feira, um telefonema avisou que o traficante mais procurado do Rio estava escondido num beco na Favela da Grota com 42 casas. Os policiais da Divisão de Capturas da Polinter bateram nas portas de todos os imóveis até restar um. [O Globo]

 

Aqui entra a frase de Elias Maluco, que me veio à cabeça quando soube da nomeação do desclassificado deputado Nikolas Ferreira para a presidência da Comissão de Educação da Câmara.

 

Eram 8h30 quando a dona da casa de número 10, uma idosa com deficiência visual, desmaiou diante dos agentes. Eles foram até o segundo andar e acharam o bandido escondido atrás de uma porta, num pequeno cômodo. Descalço e sem camisa, Elias Maluco disse apenas: "Perdi, chefe, só não esculacha".

 

Com um presidente da Câmara, Arthur Lira, acusado de inúmeros crimes, o Centrão pressionando o governo e conseguindo surrupiar R$ 57 bilhões do Orçamento para financiarem "kits robótica" superfaturados e shows milionários de sertanejos em municípios miseráveis; e agora com a nomeação do Chupetinha para a Educação, só nos resta apelar para a frase de Elias Maluco:

— Perdi, chefe, só não esculacha!

Porque as nomeações dele, da olavista Caroline de Toni para a Comissão de Constituição e Justiça e do Pastor Eurico, que sonha em proibir o casamento homoafetivo, para a da Previdência e Família, mais do que o direito de uma momentânea maioria são um esculacho com o Brasil.

Antonio Mello é autor de "ELA", "Madame Flaubert" e outros, escreve no Blog do Mello e aqui na Fórum. Saiba mais