Em seus depoimentos à Polícia Federal, os generais Estevam Theophilo e Marco Antônio Freire Gomes divergiram sobre detalhe da reunião golpista convocada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) com os comandantes das Forças Armadas que tratou dos planos golpistas que o manteriam no poder após as eleições de 2022. Os investigadores agora apuram a contradição.
O primeiro a prestar depoimento foi o general Theophilo. De acordo com informações divulgadas pelo jornal O Globo, o chefe dos 'kids pretos' disse à PF que recebeu uma ordem de Freire Gomes, que naquele momento era o Comandante do Exército, para que comparecesse à reunião.
À época dos acontecimentos Theophilo era o chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), os chamados 'kids pretos'. Ele é apontado pelos investigadores como parte do “núcleo de oficiais de alta patente” que embarcaram na aventura golpista e seria o responsável pelo emprego da tropa caso os planos dessem certo.
“No dia 9 de dezembro de 2022, Estevam Theophilo se reuniu com o então presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada e, de acordo com os diálogos encontrados no celular de Mauro Cid, teria consentido com a adeso ao Golpe de Estado desde que o presidente assinasse a medida”, diz o relatório da PF.
Ouvido posteriormente, Freire Gomes afirmou no seu depoimento de mais de 7 horas aos federais, que “permitiu”, e não “ordenou”, a ida de Theophilo à reunião. O general diz que por ter sido uma convocação do presidente da República, não poderia impedir a ida do militar, mas que ao autorizar sua participação também o orientou a se ater apenas a suas atribuições.
O general também disse em seu depoimento que se colocou contrário à conspiração golpista e, de acordo com a jornalista Miriam Leitão, teria tido acesso a duas minutas golpistas apresentadas por Bolsonaro.