Alessandra Faria Rondon é o que se pode classificar como limite extremo do fanatismo cego do bolsonarismo. Ela, que é mãe de três filhos pequenos, foi junto com o marido, Joelton Gusmão de Oliveira, pai das crianças, para Brasília na véspera do 8 de janeiro de 2023, após sair de Vitória da Conquista (BA) e atravessar ‘meio Brasil’. Chegando lá, eles invadiram o Congresso Nacional junto com outros radicais de extrema direita e acabaram presos.
Passado mais de um ano, ela e o companheiro foram condenados a 17 anos de prisão, cada um, pelo Supremo Tribunal Federal. Mãe de família, a mulher destruiu sua vida e família e passará boa parte de sua existência na cadeia após embarcar num delírio extremista incentivado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que arregimentou e instigou seus doentios seguidores a entrarem numa tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota para Lula (PT).
Agora, surge o vídeo com o interrogatório a que Alessandra foi submetido na Justiça Federal. Quem imagina uma mãe arrependida da maluquice que fez por influência direta de um político autoritário, quase que num transe, se engana. Ela nega a maior parte dos fatos, mesmo com imagens de dentro do Congresso mostrando suas falas que assumiam a tentativa de golpe, o pedido de prisão para autoridades não alinhadas a Bolsonaro e as súplicas por uma ‘intervenção militar’.
Nas redes, ela postava mensagem idolatrando o ex-mandatário golpista e numa delas, acompanhada dos filhos e do marido, dizia que "sua família estava com Bolsonaro para o que der e vier".
Sem ‘tremer na base’, Alessandra diz à juíza inúmeras vezes que “prefere não responder” a perguntas que envolvem diretamente o protagonismo de Bolsonaro no fato criminoso que marcou a história recente do país. Além de negar o óbvio, que está registrado em suas transmissões nas redes sociais, ela simplesmente protege o homem responsável por destruir sua vida. A ‘fidelidade’ parece algo de seita.
Questionamentos da Justiça
No interrogatório, a magistrada faz alguns questionamentos, que seguem abaixo, com a então acusada apenas dando negativas e ‘blindando’ o ex-presidente da República, enquanto ela corre o risco de passar mais de uma década atrás das grades e ele segue solto.
Ao invadir o Congresso a senhora queria impedir ou restringir o exercício dos poderes constitucionais?
- Não
A senhora pretendia com essa invasão auxiliar ou depor o governo?
- Não
A senhora pretendia com essa invasão auxiliar na implantação de um novo regime de governo?
- Eu prefiro não responder
A senhora queria uma intervenção militar no Brasil?
- Prefiro não responder
A senhora recebeu em algum momento algum tipo de auxílio para participar dessa marcha, desse desenrolar dos fatos?
- Não, eu fui praticamente para orar lá
Quem a senhora apoiava ao participar da invasão?
- Prefiro não responder
Qual o motivo para ter havido depredação das instalações? A senhora chegou a danificar algum bem?
- Não
A senhora acredita nas afirmações do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro sobre a ocorrência de fraude nas urnas nas eleições?
- Prefiro não responder
Esse contexto aí posto, colaborou para sua ida a Brasília na marcha e até a Praça dos Três Poderes?
- Prefiro não responder
A senhora, participando de todo esse movimento, queria a queda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o retorno do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro?
- Prefiro não responder
Se o ex-presidente Jair Bolsonaro tivesse dado algum tipo de declaração reconhecendo a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022, você teria ido a Brasília na praça dos Três Poderes?
- Prefiro não responder
Veja o vídeo com o depoimento: