PESQUISA USP

Quem botou jabuti do prefeito de SP na pesquisa da USP da Paulista?

Que interesses há por trás dessa estranha pesquisa?

Créditos: Colagem sobre print da pesquisa: Antonio Mello
Escrito en POLÍTICA el

Além do viés de confirmação e das questões manipuladas da pesquisa de um grupo da USP na Avenida Paulista no dia do evento bolsonarista, que comentamos aqui, falta a USP explicar por que foi colocado apenas o nome do atual prefeito da capital, Ricardo Nunes, sem citar qualquer outro dos pré-candidatos assumidos, entre eles Guilherme Boulos, líder em todas as pesquisas."

Sabemos que jabuti não sobe em árvore. Alguém botou o Ricardo Nunes na pesquisa. E só ele. Falta responder quem e por quê.

Curioso é que na questão imediatamente anterior, que era sobre voto para presidente em 2026, a pergunta não foi "Presidente Bolsonaro deve lançar um candidato à presidência ou apoiar o atual governador de São Paulo", como feito com Nunes. A pergunta foi: "Se Bolsonaro não puder ser candidato, qual dos nomes é o melhor para concorrer à presidência da república?", com várias opções.

Por quê? Por que em meio a uma manifestação bolsonarista foi levantada a questão do apoio ou não ao atual prefeito de São Paulo, que nem é do partido de Bolsonaro e nem foi anunciado por ele como o nome que apoia? Por que a questão não foi formulada como a anterior com opções?

São mistérios que os pré-candidatos à prefeitura deveriam buscar esclarecer. E a USP também.

 

Outras questões da pesquisa

 

O jornalista Alceu Castilho, em seu perfil no Facebook, destacou uma questão do formulário que parece ter sido escrita por um bolsonarista ou pelo próprio Bolsonaro:

 

"Os excessos e perseguições da Justiça caracterizam a situação atual como uma ditadura?"

 

Como assim? Há excessos e perseguições nas ações da Justiça contra o grupo que planejou, organizou, propagandeou, insuflou e deu início a uma tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro? Não é exatamente isso o que afirma diariamente Bolsonaro? Não foi para isso que ele convocou a manifestação?

Mas não é apenas essa questão levantada pelo jornalista. Há outras. Uma pergunta no questionário da pesquisa de USP dá como certa uma ilegalidade, mas que também é defendida por Bolsonaro e pelos militares:

 

"Presidente Bolsonaro deveria ter invocado o artigo 142 para solicitar a arbitragem das Forças Armadas?"

 

Desde quando o artigo 142 dá poder de arbitragem às Forças Armadas?

Entre as perguntas feitas sob a rubrica geral de "O que Bolsonaro deveria ter feito no final de 2022" todas fortalecem a visão dos bolsonaristas. A opção "Respeitado o resultado das eleições" não é colocada, como se fosse inadmissível.

Por que uma pergunta sobre apoio a Ricardo Nunes nas eleições deste ano? Será que o dinheiro da prefeitura também entrou na pesquisa, como aconteceu nas propagandas travestidas de reportagens feitas pela Folha?

Por que não colocaram nomes de outros candidatos postos na disputa, inclusive o líder segundo todas elas, Guilherme Boulos?

Em nome da verdade a USP deveria chamar os pesquisadores que usaram o chapéu da Universidade e dar uma explicação geral à população sobre essa vergonhosa pesquisa com viés de confirmação.

A íntegra da pesquisa pode ser lida aqui.

Antonio Mello é autor de "ELA" e "Madame Flaubert" e escreve no Blog do Mello e aqui na Fórum. Saiba mais