PESQUISA USP

Quem botou jabuti do prefeito de SP na pesquisa da USP da Paulista?

Que interesses há por trás dessa estranha pesquisa?

Escrito en POLÍTICA el

Além do viés de confirmação e das questões manipuladas da pesquisa de um grupo da USP na Avenida Paulista no dia do evento bolsonarista, que comentamos aqui, falta a USP explicar por que foi colocado apenas o nome do atual prefeito da capital, Ricardo Nunes, sem citar qualquer outro dos pré-candidatos assumidos, entre eles Guilherme Boulos, líder em todas as pesquisas."

Sabemos que jabuti não sobe em árvore. Alguém botou o Ricardo Nunes na pesquisa. E só ele. Falta responder quem e por quê.

Curioso é que na questão imediatamente anterior, que era sobre voto para presidente em 2026, a pergunta não foi "Presidente Bolsonaro deve lançar um candidato à presidência ou apoiar o atual governador de São Paulo", como feito com Nunes. A pergunta foi: "Se Bolsonaro não puder ser candidato, qual dos nomes é o melhor para concorrer à presidência da república?", com várias opções.

Por quê? Por que em meio a uma manifestação bolsonarista foi levantada a questão do apoio ou não ao atual prefeito de São Paulo, que nem é do partido de Bolsonaro e nem foi anunciado por ele como o nome que apoia? Por que a questão não foi formulada como a anterior com opções?

São mistérios que os pré-candidatos à prefeitura deveriam buscar esclarecer. E a USP também.

 

Outras questões da pesquisa

 

O jornalista Alceu Castilho, em seu perfil no Facebook, destacou uma questão do formulário que parece ter sido escrita por um bolsonarista ou pelo próprio Bolsonaro:

 

"Os excessos e perseguições da Justiça caracterizam a situação atual como uma ditadura?"

 

Como assim? Há excessos e perseguições nas ações da Justiça contra o grupo que planejou, organizou, propagandeou, insuflou e deu início a uma tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro? Não é exatamente isso o que afirma diariamente Bolsonaro? Não foi para isso que ele convocou a manifestação?

Mas não é apenas essa questão levantada pelo jornalista. Há outras. Uma pergunta no questionário da pesquisa de USP dá como certa uma ilegalidade, mas que também é defendida por Bolsonaro e pelos militares:

 

"Presidente Bolsonaro deveria ter invocado o artigo 142 para solicitar a arbitragem das Forças Armadas?"

 

Desde quando o artigo 142 dá poder de arbitragem às Forças Armadas?

Entre as perguntas feitas sob a rubrica geral de "O que Bolsonaro deveria ter feito no final de 2022" todas fortalecem a visão dos bolsonaristas. A opção "Respeitado o resultado das eleições" não é colocada, como se fosse inadmissível.

Por que uma pergunta sobre apoio a Ricardo Nunes nas eleições deste ano? Será que o dinheiro da prefeitura também entrou na pesquisa, como aconteceu nas propagandas travestidas de reportagens feitas pela Folha?

Por que não colocaram nomes de outros candidatos postos na disputa, inclusive o líder segundo todas elas, Guilherme Boulos?

Em nome da verdade a USP deveria chamar os pesquisadores que usaram o chapéu da Universidade e dar uma explicação geral à população sobre essa vergonhosa pesquisa com viés de confirmação.

A íntegra da pesquisa pode ser lida aqui.

Antonio Mello é autor de "ELA" e "Madame Flaubert" e escreve no Blog do Mello e aqui na Fórum. Saiba mais

 

 

 

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