QUESTÃO DE GÊNERO

Perguntado por delegado da PF se é cisgênero, Bolsonaro diz que não sabe, relata site

Essa teria sido a única pergunta respondida pelo ex-presidente, que passou o restante do depoimento calado diante de questões sobre seu envolvimento com a tentativa de golpe de Estado no Brasil

Jair Bolsonaro.Créditos: Valter Campanato/Agência Brasil
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O ex-presidente Jair Bolsonaro ficou calado durante todo o depoimento que foi intimado a prestar à Polícia Federal (PF), em Brasília, nesta quinta-feira (22). Uma única pergunta, entretanto, foi respondida pelo ex-mandatário. 

Logo no início da oitiva, o delegado da PF que inquiriu Bolsonaro teria perguntado se o ex-presidente é "cis", em referência ao termo "cisgênero". As informações são de Igor Gadelha, colunista do site Metrópoles. 

Em resposta, então, o ex-mandatário teria dito que não sabe o que é cisgênero. Trata-se do termo utilizado para se referir às pessoas que se identificam com o sexo biológico que nasceram - enquanto "transgênero" se refere àquelas que se identificam com um gênero diferente do atribuído no nascimento. 

A pergunta feita pelo delegado é padrão. A PF adotou o procedimento, que consiste em apresentar os termos "cisgênero, transgênero"  e oferecer o campo "orientação sexual" àqueles que precisam fornecer dados pessoais em depoimentos, em janeiro, seguindo diretrizes adotadas pelo governo Lula para políticas LGBTQIA+. 

Silêncio 

O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu à sede da Polícia Federal (PF) em Brasília, nesta quinta-feira (22), para prestar depoimento no âmbito do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. Segundo a PF, Bolsonaro integraria uma organização criminosa que tentou - sem sucesso - reverter o resultado da eleição de 2022 que alçou o presidente Lula ao Palácio do Planalto. 

Conforme já havia anunciado, o ex-mandatário, que tentou por duas vezes cancelar o depoimento, se acovardou e ficou calado diante dos investigadores. A estratégia também seria utilizada por outros investigados no inquérito, incluindo militares, que prestaram depoimento no mesmo dia. 

O anúncio de que Jair Bolsonaro manteve o silêncio durante o interrogatório foi feito ao final da oitiva pelo advogado do ex-presidente, Paulo Bueno. Segundo o defensor, o fato do ex-mandatário inelegível ter ficado calado "não é simplesmente o exercício do direito constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos aos quais estão sendo imputados ao ex-presidente as práticas de delitos". 

Ao negar um dos pedidos dos advogados de Bolsonaro para cancelar ou adiar o depoimento, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, os desmentiu, afirmando que eles já tiveram acesso a todo o conteúdo das investigações. 

"Informe-se a Polícia Federal que inexiste qualquer óbice para a manutenção da data agendada para o interrogatório uma vez que aos advogados do investigado foi deferido integral acesso aos autos", escreveu o ministro em despacho.