ORCRIM BOLSONARISTA

Marcos Pereira nega golpe: Forças Armadas não iriam manter um capitão no poder

Presidente do Republicanos, braço político da Igreja Universal, deputado alfinetou Bolsonaro, que o preteriu durante as eleições, e destilou transfobia ao apontar divergência de evangélicos com "pauta ideológica" do governo Lula.

Marcos Pereira, Jair Bolsonaro e Edir Macedo.Créditos: Reprodução/Youtube
Escrito en POLÍTICA el

Presidente do Republicanos, braço político da Igreja Universal e partido do governador paulista Tarcísio Gomes de Freitas, Marcos Pereira negou  em entrevista à revista Veja que o 8 de Janeiro de 2023 fez parte de uma tentativa de golpe no Brasil.

"O que ocorreu em 8 de janeiro foi lamentável, mas foram atos de vandalismo, e não de terrorismo ou tentativa de golpe. Ali só tinha pessoas do povo, que estão sendo e devem ser investigadas e processadas. Não tinha nenhuma autoridade, nenhuma pessoa com liderança ou capacidade política e intelectual para liderar um golpe", afirmou.

Em seguida, Pereira aproveitou para alfinetar Jair Bolsonaro (PL), que o preteriu durante as eleições de 2022, ao dizer que a cúpula das Forças Armadas não apoiariam um golpe para manter um "capitão" no poder.

"Não tem como você fazer um golpe se não tiver a cúpula das Forças Armadas engajada. E é justamente pela falta desse engajamento que eu nunca acreditei. Com todo o respeito ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à sua patente, também nunca acreditei que as Forças Armadas fossem apoiar um golpe para manter um capitão no poder. Se eles fossem, eventualmente, dar um golpe, seria para colocar um general no comando do governo", disparou.

Vice-presidente da Câmara e candidato à sucessão, Pereira mostrou sintonia com Arthur Lira (PP-AL), a quem jurou lealdade, e defendeu que o Congresso exerce "suas prerrogativas constitucionais" ao achacar o governo para obter mais verbas por meio de emendas parlamentares.

"O que o Congresso Nacional está fazendo é exercer suas prerrogativas constitucionais de análise e modificação por meio de emendas, garantindo assim a participação do Poder Legislativo na definição das políticas públicas e na alocação dos recursos financeiros do país, de maneira semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos da América e no Brasil, ambos sendo federações onde cada estado tem suas próprias peculiaridades. Os parlamentares têm conhecimento da realidade de seus estados e dos municípios que integram, estando em contato com as realidades regionais e as demandas políticas de suas populações. Nesse sentido, oferecem emendas que refletem uma variedade de interesses políticos e regionais", justificou.

Bispo licenciado da Universal, igreja de Edir Macedo, o deputado ainda voltou a afirmar que o Republicanos não é base do governo, apesar de contar com o Ministério de Portos e Aeroportos, comandado por Silvio Costa Filho.

Pereira afirmou que conta com o restabelecimento da isenção de impostos sobre os ganhos de pastores e aponta a divergência dos evangélicos com o governo Lula por em razão da "pauta ideológica".

"É sabido que os evangélicos, na sua grande maioria, são conservadores nos costumes e liberais na economia. E a pauta de um governo de esquerda não se coaduna com isso. Mas o que pode ser feito? Devem, evidentemente, fazer menos pautas ideológicas. Isso pode nos aproximar.

Como exemplo, Pereira cita "que o governo, ao se referir a uma política pública relacionada ao período menstrual, teria colocado que 'pessoas menstruam' e não que 'mulheres menstruam'", termo usado para incluir os homens trans.

"São bobagens da tal da nova linguagem, mas que o governo usa para poder agradar a uma minoria e acaba, às vezes, desagradando à maioria. Eu entendo que quem menstrua são as mulheres. Nunca vi homem menstruar", diz, destilando transfobia.