O portal Metrópoles revelou na noite desta quinta-feira (15) que o procurador Anselmo Cordeiro Lopes acusa Augusto Aras, que ocupou o cargo de procurador-geral da República durante o governo Bolsonaro, de ter boicotado um informe que poderia ter evitado a depredação de 8 de janeiro de 2023 nas sedes dos três poderes em Brasília.
Lopes é o procurador da República que esteve responsável no Ministério Público Federal pelo acompanhamento da movimentação bolsonarista e antidemocrática após as eleições de 2022. Entre suas atribuições, deveria evitar que tais atos antidemocráticos acontecessem.
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A denúncia contra Aras foi feita em despacho protocolado por ele no último dia 25 de janeiro. De acordo com a apuração do portal supracitado, o relatório enviado à PGR semanas antes do 8 de janeiro e boicotado por Aras citava a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes como alvos de atos antidemocráticos que sairiam do acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.
Lopes acusa Aras de ter utilizado do seu cargo de procurador-geral da República para impedir que o documento chegasse a todos os destinatários, entre eles, autoridades militares e de segurança pública. De acordo com o colunista Rodrigo Rangel, que obteve o documento, “a recomendação parecia prever o desastre”.
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Mas para o PGR de então o documento de Lopes “extrapolava as atribuições dos procuradores de primeira instância que a assinaram” e ele determinou que o texto fosse devolvido aos autores.
Aras foi muito criticado durante o governo Bolsonaro pela blindagem oferecida ao então presidente. Entre pedidos de abertura de processos de impeachment e processos relacionados aos crimes da pandemia de Covid-19 que Aras não deixou seguirem adiante, também está, segundo Lopes, a ordem para encerrar grupos de trabalho criados para monitorar os golpistas que se organizavam nas ruas.
Agora cabe à PGR ou a à Advocacia-Geral da União (AGU), caso julguem pertinente, tomar providências contra Aras nesse sentido. Lopes e os procuradores do MPF não estão habilitados, por lei, a investigar ou processar um ex-procurador-geral da República.